OS INTELECTUAIS E A ETERNA BUSCA PELA MODERNIZAÇÃO DO BRASIL: O SIGNIFICADO DO PROJETO NACIONAL-DESENVOLVIMENTISTA DAS DÉCADAS DE 1950-60 *
Haol, Núm
2008
unpublished
Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar o modo como as noções de desenvolvimento e integração nacional foram discutidas no Brasil ao longo do século XX e em especial no decênio de 1950 quando a temática do desenvolvimentismo ocupou o primeiro plano da arena política e intelectual. Atenção especial será dada ao papel desempenhado pelo ISEB-Instituto Superior de Estudos Brasileiros e pela obra desenvolvida por Hélio Jaguaribe. Palavras Chave: Desenvolvimentismo, nação, intelectuais,
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... ______________________ 1. EM BUSCA DO BRASIL MODERNO partir do fim da segunda guerra mundial a palavra de ordem na América Latina passou a ser mudança. Era preciso empreender as mudanças necessárias para que a região se desenvolvesse e o desenvolvimento só seria produzido pelo processo de industrialização. Ao final dos anos de 1940 a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina) representava a hegemonia deste novo paradigma, cuja chave era industrialização/desenvolvimento. A idéia de progresso que imperou desde os finais do século XIX, fora substituída pela de desenvolvimento. Na realidade, desde a crise de 1929 que os intelectuais não apenas no Brasil, mas, em toda a América Latina foram tomados pelo afã modernizador. No dizer de Eduardo Valdéz, "la crisis mundial que comenzó em 1929 fui um importante catalizador deesos afanes modernizadores y lês otorgaba um desafio manifiesto: superar la miséria y la vulnerabilidad de las economias latinoamericanas. El nacionalismo fue sin Duda una respuesta a este desafio, que se enmarcó dentro del paradigma identitario existente" 1. Ao longo do século XIX, a reflexão intelectual no Brasil centrou-se em temas pertinentes à organização institucional do Estado, criado a partir da independência realizada em 1822. A necessidade de estruturar esse novo Estado conjugando instituições liberais com uma realidade social que poucos vínculos guardava com uma ordem liberal, fez com que os intelectuais refletissem sobre questões inerentes ao liberalismo institucional. Voltados para temas pertinentes à organização do Estado, os pensadores durante a primeira metade do século XIX pouco se preocuparam com a questão nacional e aquela que se constituía no "calcanhar de Aquiles" do império brasileiro, a escravidão, praticamente não foi objeto de análise até 1860/70. Unidade territorial versus desmembramento; monarquia versus república; centralização versus descentralização; e os limites do poder monárquico, eram questões que estavam no cerne do debate intelectual. A articulação entre ordem e liberdade constituiu-se na principal preocupação de pensadores que de uma ou outra forma estiveram à frente da construção do estado imperial. Pimenta Bueno, Bernardo Pereira de Vasconcelos, Justiniano José da Rocha, visconde de Jequitinhonha e já na segunda metade do século XIX, Paulino José Soares de Sousa (visconde do Uruguai) e José de Alencar, não faziam qualquer restrição ao exercício da liberdade, a não ser quando esta dificultava os interesses da comunidade. A
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