As transformações na reprodução fictícia do capital na agroindústria canavieira paulista: do Proálcool à crise de 2008 [thesis]

Fábio Teixeira Pitta
Resumo A tese por nós aqui apresentada teve por finalidade principal pesquisar a transformação na forma crítica de reprodução fictícia da agroindústria canavieira paulista, entre o Proálcool (1975 -1990) e aquela forma de reprodução que começou a se constituir a partir da década de 1990, mas só se estabeleceu no início do século XXI. Para tanto, visitamos teóricos da reprodução e crise do capital que nos auxiliaram a compreender as formas de reprodução fictícia do capital em nível global
more » ... nte, para depois podermos cotejar suas interpretações com a pesquisa por nós realizada acerca da forma atual de reprodução fictícia desta agroindústria canavieira a partir da inflação do preço do açúcar como ativo financeiro nos mercados de futuros internacionais (derivativos). Tal pesquisa nos permitiu abordarmos, também, os impactos da crise econômica do capital de 2007/2008 sobre tal agroindústria, a fim de relacionarmos tal crise com uma discussão sobre a própria crise imanente do capital. As consequências dessa transformação na reprodução fictícia acima mencionada também foram observadas no que diz respeito à terra, conforme características da produção, produtividade e área com cana-de-açúcar; e ao trabalho, por meio da discussão acerca do trabalho do "boia-fria" e da mecanização do corte de cana-de-açúcar. Podermos sugerir a crise da reprodução da sociabilidade capitalista por meio da historicização de suas categorias (capital, terra e trabalho) atualmente em crise, nos fundamentou para desdobrarmos a crítica da forma mercadoria de relação social e do trabalho como fundamento do capital como ponto de chegada da crítica negativa que pretendemos apresentar como basilar para o movimento do texto como um todo. Termos-chave: Agroindústria canavieira; reprodução (fictícia) do capital; crise do capital; mercado de derivativos financeiros; "boia-fria"; mecanização do corte de cana. Abstract The thesis we present here had as its main purpose the research in the transformation of the critical form of sugarcane agroindustry fictitious reproduction, in São Paulo State, between the Proálcool (1975 -1990) and the form that started to be constituted in the nineties but only was stablished in the beginning of the twenty first century. Therefore, which helped us to understand the actual forms of global fictitious reproduction of capitalism and then we compared these interpretations with a research about the present form of sugarcane agroindustry fictitious reproduction in the State of São Paulo, which is characterized by sugar price inflation as a financial asset negotiated in international future markets (as a derivative). That research allowed us to approach the impacts in such sugarcane agroindustry of capital economic crisis of 2007/2008 and to relate this crisis with a discussion about capital immanent crisis. The consequences of the mentioned transformation in the sugarcane agroindustry fictitious reproduction in the State of São Paulo also have been observed with regard to land by characterizing sugarcane production, productivity and area; and to labor, through the discussion of "boia-fria" conditions of labor and the mechanization of sugarcane harvesting. Our suggestion of capitalist social reproduction crisis because of the historical character of its categories (capital, land and labor), currently in crisis, allowed us to unfold the critique to commodity form of social relation and labor as the fundament of capital as the ultimate purpose of the negative critique we intended for the totality of this text. Este momento muitas vezes acaba se tornando ou burocrático ou emotivo, pra não dizer o pior que poderia acontecer que é o cinismo. Isso se dá por termos que reduzir a uma objetificação momentos impossíveis de serem aqui contemplados. Tal sempre leva à abstração e a apagamentos, o que só explicita, por outro lado, as contradições do trabalho que acabamos de finalizar, mas que aqui começa para o leitor. Mesmo assim se faz imprescindível nos remetermos àqueles que diretamente participaram do processo de elaboração e concretização da pesquisa que segue. Nunca é demais ressaltar o fundamental da formulação coletiva da crítica teórica que nesta tese apresentaremos. Os grupos de segunda e de sexta, de leitura do Krisis / Exit!; e o de quinta, de leitura de O Capital (1983) permeiam tudo que vem aí escrito. Não só os textos lidos e discutidos, mas todos aqueles com quem o fizemos. Sintam-se, por favor, agradecidos. Agradeço as inúmeras conversas sobre os temas aqui apresentados como sínteses insuficientes destas ao Carlão, ao Anselmo, ao Dieter, ao Daniel, à Carol, ao Cássio, à Céci, à Teresa, ao Leo Reis, à Renatinha, ao Allinha, ao Erick, ao Vicente, ao Glauco, ao Bomfim, à Maísa e ao Vinícius. E também ao Kurz, inclusive em casa, em São Paulo; à Roswitha, em Nuremberg; e ao Bruno Lamas, madrugadas adentro em Lisboa. Agradeço à paciência da conversa com muitos professores que se abriram para o debate de igual para igual sobre as questões desta tese, como: o professor Thomaz Jr., no mestrado e em encontros; a professora Amélia, na qualificação e em mais de uma conversa de dar nó na cabeça; o professor Jorge Grespan, na qualificação e em inúmeras reuniões em diferentes oportunidades e situações; o professor Pedro Ramos, que me recebeu diversas vezes na Unicamp e em sua casa; o professor Chiquinho (Francisco Alves), principalmente pelas conversas no bar; o professor José Baccarin, em mais de uma reunião em sua sala, em Jaboticabal. Uma menção especial vai para o Plácido e para a Lenita. Ambos me acolheram em mais de uma oportunidade em sua casa, conversaram sobre a agroindústria canavieira com mais paciência do que o momento lhes concedia, além de terem sido parceiros daquele vinho de fim de expediente diário: saúde e amizade. O Luís Ferreira e o Luís Carvalho me receberam em seus locais de trabalho, me abriram suas casas e me contaram de suas vidas como se me conhecessem há muito. Um agradecimento à parte também vai pro Rafael Cardoso que em diversas situações teve a paciência de tentar didaticamente me explicar o funcionamento do mercado de capitais, apesar de toda minha curiosidade crítica que não permitia respostas às minhas perguntas. Os manuscritos foram lidos -e discutidos, destrinchados, questionados e repensados -pelo Anselmo, pelo Carlão, pelo Cássio, pelo Daniel, pela Renatinha, pela Carol, pela Ana Sylvia, pelo Allinha e pela Céci. As reformulações e a autocrítica continuam... Os mapas das pranchas no Anexo, ao final, foram elaborados pelo Felipe Bianchetti. A Céci formatou... Mas não só. Esteve presente como companheira na maior parte do doutorado me enchendo de suas alegrias malucas e alucinógenas que me traziam para a realidade -que não a do trabalho -nos momentos mais chatos e que deveriam ser solitários (mas não o foram) de leitura, campo, reflexão, debate crítico e escrita: "bora lá?". A crítica negativa coletiva tampouco se reduz apenas àqueles conscientemente envolvidos com ela, mas foi e continua a ser vivida o tempo todo nas relações pessoais (ainda mediadas por coisas) que estabelecemos: em casa morando coletivamente nos últimos 11 anos, nos bares e festas, nas casas dos amigos, nas quadras e campos de futebol. Ainda quero lembrar também, além dos já acima considerados, a Mamá, a Julia, o Miguel, o Antônio, a Paulinha, o Lú, a Tetê, a Carolzinha, o Fred, o Artur, o Rafa Aragi, o Rafa Zé, o Xavito, o Renato, o Pedro, o Felipinho. Isso não é uma lista e não se esgota tampouco. A amizade a gente não agradece. Por último, tenho que agradecer à Elídia, ao Pitta e ao Gu. Sempre estiveram comigo no suporte afetivo mútuo e cotidiano, aceitaram minha dureza e revolta e por isso caminhamos juntos.
doi:10.11606/t.8.2016.tde-10052016-140701 fatcat:ffoyfa55yne5jfpvt2ucpwijje