A biomecânica entre a vida e a máquina

Laureliz Bastos Otero Scherer
2012 Revista Educação Especial  
SANTIN, Silvino. A biomecânica entre a vida e a máquina: Um acesso filosófico. Ijuí: Ed. Unijuí, 2000. Silvino Santin é brasileiro, doutor em Filosofia da Linguagem pela Universidade de Paris, professor da pós-graduação em Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Através da biomecânica, Santin, propõe-nos pensar a vida e a máquina e até que ponto podem ser conciliáveis, pois pertencem a categorias diferentes, ou seja, a vida e a máquina ou a biologia e a física são
more » ... ealidades opostas, a que cada uma precisaria renunciar para formar o conceito de "biomecânica"? O corpo humano, organismo vivo foi tratado durante longo tempo como um artefato mecânico e a imagem de máquina tornou-se dominante para representar o universo e qualquer corpo ou organismo vivo. Será que a oposição entre a máquina e a vida não passa de uma questão cultural? A oposição estaria vinculada ao modelo de conhecimento construído pelo homem. O termo "biomecânica" segundo Santin, precisa ser visto com um novo "olhar", de um outro lugar, ser revisto na constituição lingüística, e definir o novo dizer deste termo através da descrição do mundo de suas intervenções, entendida como a investigação do corpo humano. A partir do século XVII, a imagem de máquina tornou-se dominante para representar o universo e qualquer corpo ou organismo vivo. A corporeidade humana é o centro do campo simbólico de todas as mensagens, como um existencial mundano, está presente desde as origens como um dos elementos que compõem o ser humano. Neste contexto, é possível pensar a biomecânica associada a corporeidade humana, que busca a compreensão do corpo humano através da simbolização, onde as construções simbólicas nos dão arquiteturas culturais do corpo. Assim, a corporeidade simbólica não se constitui a partir dos fenômenos fisiológicos, mas sobre os fenômenos comportamentais, isto é, só existe sob o olhar do outro, um corpo que cada um constrói para o outro. A simbologia torna-se quase uma obsessão a partir da cultura corporal neste final de século. A obra de Silvino Santin trata de um tema importante, para reflexão a respeito da questão corporal que é bastante atual, pois tais questões sempre foram muito exploradas e valorizadas em todos os aspectos, através da simbolização e da corporeidade humana, somos levados à cultura corporal. No passado a cultura corporal foi vista como pecado, depois passou a ser máquina. Atualmente, muitas pessoas cultivam o corpo visando transformá-lo, o que faz com que se esgotem, dizem que o corpo é uma festa, então nós temos que festejar o corpo, mas precisamos saber os limites desta festa e do prazer, o qual, é um dado fundamental. Enfim, a biomecânica possibilita avaliar e compreender a corporeidade humana, não somente do ponto de vista biológico, orgânico, mas sim sob o ponto de vista social e afetivo. O toque, o contato com o outro, é fundamental para que tenhamos uma boa qualidade de vida e cultura corporal, ou seja, estabelecer um diálogo não só de palavras, mas também de emoções, de afeto e sensibilidade.
doi:10.5902/1984686x5193 doaj:64dbd9a751d549418c1dbdefd60a97c1 fatcat:tywxojni25hjjomysslbcam3um