Vaso ou bicho? Os objetos hiperespetaculares na educação infantil Vessel or animal? Objects hyper spetacular in early childhood education
Leonardo Neves
unpublished
O presente texto é um recorte de uma pesquisa em curso, cujo objetivo é investigar o papel do espaço educativo no desenvolvimento infantil, de modo específico, o desenvol-vimento estético. Nessa perspectiva, compreende-se esse espaço para além de uma delimi-tação física, permeado de simbolismos que passam a interferir subjetivamente no processo de formação dos sujeitos que ali convivem. Tendo esse objetivo e pressupostos como base fundantes, a pesquisa em questão é realiza-da nas três maiores
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... dades do estado de Santa Catarina, de modo particular na institui-ção considerada destaque em cada município pelas respectivas secretarias municipais de educação. Para tanto, são realizadas visitas in loco, previamente agendadas, sendo o instru-mento de coleta de dados privilegiado o registro fotográfico, o qual posteriormente é ana-lisado como texto. Neste artigo, as discussões serão focadas nos objetos existentes em uma dessas instituições. Para tanto, as análises foram orientadas compreendendo esses objetos a partir do conceito de "hiperespetáculo" desenvolvida por Lipovetsky e Serroy (2015). Ao se discutir o conceito de hiperespetáculo é pertinente compreender que ele parte de uma apropriação do conceito de "espetáculo", que segundo seu autor era entendido como "uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens" (DEBORD, 1997, p. 14). Uma análise que tem por base o fenômeno de "fetichismo da mercadoria" de Marx, que percebia que a mercadoria, quando finalizada, recebia uma valoração tal que, resultava em sua "independência" em relação ao processo de trabalho que a gerou. Assim, Marx apresenta uma percepção da mercadoria em um processo de reificação. Uma inversão que transformava-a em "sujeito", conferindo-lhe uma autonomia. Isso configura a base do pensamento de Debord, no qual identifica no espetáculo essa separação, entre o mundo vivido e a imagens que o representam. Essa relação com as imagens é também a base fundante do conceito de hiperespetáculo, no entanto, diferentemente da separação na qual Debord formulara seu conceito, Lipove-tsky e Serroy se pautam na lógica da ânsia presente na sociedade contemporânea de apro-ximar vida e imagem, na busca "de transversalidade, de desdiferenciação, de hibridização" (LIPOVETSKY & SERROY, 2015, p. 266). Anais do SEFiM, Porto Alegre, V.02-n.2, 2016.
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