UMA PROPOSTA FUNCIONALISTA PARA O ENSINO DA HIPOTAXE ADVERBIAL

Luciano Araújo Cavalcante Filho
2020 Interfaces  
Resumo: Este estudo busca apresentar os resultados da aplicação de uma proposta didática, fundamentada no Funcionalismo linguístico, para a abordagem das funções textual-discursivas e proposições relacionais inferidas identificadas no uso de cláusulas hipotáticas adverbiais introduzidas pela conjunção quando em uma turma do 9º ano de uma escola da rede pública. A metodologia da pesquisa-ação, a qual visa ao incremento do trabalho de professores e pesquisadores para que possam utilizar suas
more » ... isas em busca do aprimoramento de seu ensino e, consequentemente, do aprendizado de seus alunos, foi utilizada para o desenvolvimento das três etapas do trabalho (sondagem, intervenção e avaliação). Após a aplicação das atividades, constatou-se que houve uma melhora significativa dos níveis de aprendizagem total da turma, o que demonstra o êxito do método utilizado. Palavras-chave: Ensino. Funcionalismo. Hipotaxe adverbial. Proposições relacionais inferidas. A FUNCTIONALIST PROPOSAL TO TEACHING ADVERBIAL HYPOTAXIS Abstract: This study seeks to present the results of a didactic proposal, based on the linguistic Functionalism, for the textual functions approach-discursive and also inferred relational propositions identified in the use of the adverbial hipotactical clauses introduced by the conjunction when in a class of ninth grade in a public school. The action-research methodology was used. It aims at enhancing the work of teachers and researchers so they can use their research in pursuit of educational enhancement and, consequently, of learning of his students, in order to develop the three stages this process (probing, intervention and evaluation). After the application of the activities, there was a significant improvement in the total learning levels of the class, which demonstrates the success of the method used. De acordo com Tripp (2005) , sob a ótica dessa metodologia, planeja-se, implementa-se, descreve-se e avalia-se uma mudança para a melhora de sua prática, aprendendo mais, no decorrer do processo, tanto a respeito da prática quanto da própria investigação, conforme diagrama a seguir: Quadro 1 -Etapas da pesquisa-ação Fonte: Tripp (2005), p. 446. DOI de TEMPO, o valor semântico de CAUSA/MOTIVO. Além dessa relação, poderíamos identificar igualmente o sentido de CONDIÇÃO emergir do uso do conectivo quando (SE há possibilidade de aumento no salário, o trabalhador produz mais). Já na segunda manchete, a relação de CAUSA/CONSEQUÊNCIA também poderia ser identificada, porém, de acordo com a interpretação do texto, o foco discursivo era outro, ou seja, o objetivo do autor era ressaltar que o aumento salarial era devido apenas à maior produtividade dos funcionários dentro da empresa. Assim, o aluno, a partir da depreensão dessa informação presente no texto, era orientado a produzir a manchete "Quando o trabalhador produz mais, há possibilidade de aumento no salário". A proposição CAUSA agora estaria contida no fato de o trabalhador produzir mais, o que resultaria na possibilidade de aumento salarial. Como na primeira análise, o valor de CONDIÇÃO também foi atribuído corretamente como resposta por parte dos estudantes. Em Decat (2001), é afirmado que as orações adverbiais são opções organizacionais cujo uso depende dos objetivos comunicativos do produtor do discurso. Logo, a partir das intenções comunicativas do falante, serão determinadas as funções textual-discursivas. A referida questão busca trabalhar justamente o relevante papel da cláusula adverbial na construção do sentido pretendido pelo autor. Por isso, além da abordagem das proposições relacionais inferidas, o item também buscava provocar, no aluno, uma reflexão acerca do posicionamento da oração adverbial em relação à cláusula-núcleo. Destarte, na segunda questão da atividade anteriormente citada, solicitamos que o aluno descrevesse o efeito de sentido provocado pela simples inversão do posicionamento da oração adverbial em relação às orações das manchetes. Vejamos a questão. Figura 3 -Segunda questão da atividade 4 (intervenção) Fonte: Elaborado pelo autor. Utilizando suas palavras, os educandos foram capazes, em sua maioria, de perceber e descrever, mesmo que muito superficialmente, as nuances significativas de cada enunciado que eles atribuíram às notícias em forma de manchete. Ao optarmos pelo trabalho com a conjunção quando, pudemos também demonstrar o uso de velhas formas linguísticas para novas funções. Buscamos utilizar esse conectivo como uma espécie de lacuna a ser preenchida pelo aluno, já que o mesmo conectivo, tradicionalmente associado ao domínio conceitual de TEMPO, mais próximo de nossa experiência e, portanto, mais fácil de ser compreendido, é usado para expressarmos, metaforicamente, relações de outros domínios mais abstratos. Avaliação A última etapa de nossa pesquisa, a avaliação, consistiu na aplicação de exercícios com o intuito de averiguar se o desempenho dos alunos havia melhorado em relação aos resultados coletados na etapa da sondagem. Com essa análise, pudemos verificar se as atividades de orientação funcionalista que foram aplicadas exerceram, de alguma forma, uma influência positiva na aprendizagem dos alunos no que se DOI sugestão, uma demonstração de como é possível associar os resultados da pesquisa linguística de orientação funcionalista aos objetivos atuais do ensino-aprendizagem de português para os níveis Fundamental e Médio.
doi:10.5935/2179-0027.20200065 fatcat:xttovftk7zdwjnytwgdjzlxkau