NIETZSCHE, KANT E A FILOSOFIA COMO SEDUÇÃO MORAL Nietzsche, Kant and philosophy as moral seduction

Kant E-Prints, Campinas
2009 unpublished
This article presents some aspects of the relation between Nietzsche's thought and Kant, considering in particular the relation between philosophy and morality. The focus is in particular Nietzsche's critique of Kant, particularly in view of the points presented by Nietzsche as what separates him from his predecessor. Desde seus primeiros escritos Nietzsche utiliza Kant como um meio de expressão para a sua própria filosofia. 1 Seja na crítica a Sócrates e ao otimismo da razão em O nascimento da
more » ... tragédia 2 ; seja na sua contraposição a Parmênides e à idéia de que teríamos um órgão de conhecimento capaz de penetrar a essência das coisas, por exemplo, na seção onze de A filosofia na idade trágica dos gregos; ou ainda na crítica a um determinado uso da razão que se ocupa dos detalhes e perde a imagem do conjunto da existência, que se tem na terceira seção da Terceira consideração extemporânea. Assim, tanto ao tomar Kant de forma elogiosa, como ocorre nos dois primeiros casos, quanto ao opor-se a ele, como ocorre no terceiro, o fato é que Nietzsche utiliza Kant como um meio de expressão, um instrumento para explanar seu pensamento, sua filosofia, sem que isto o torne propriamente kantiano ou anti-kantiano nesse momento. 1 Uma parte anterior deste estudo, na qual discuto essa apropriação de Kant por Nietzsche especialmente em seus primeiros escritos, recebeu o título "Nietzsche, Kant e o projeto da modernidade" e será publicada no Livro Ata do evento "Nietzsche Spinoza", ocorrido entre 28/09 e 01/10 na Universidade de São Paulo. 2 GT 18. Para as citações das obras de Nietzsche e de Kant adoto o padrão sugerido, respectivamente, pela Nietzsche-Studien e pela Kant-Studien. Assim, em se tratando de citações de obras de Nietzsche, teremos: GT para Die Geburt der Tragödie (O nascimento da tragédia), ZG para Die Philosophie im tragischen Zeitalter der Griechen (A filosofia na idade trágica dos gregos), UB III para Unzeitgemäße Betrachtungen III: Schopenhauer als Erzieher (Considerações extemporâneas III: Schopenhauer como educador), WL para Über Wahrheit und Lüge im aussermoralischen Sinne (Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral), M para Morgenröte (Aurora), FW para Die fröhliche Wissenschaft (A gaia ciência), JGB para Jenseits von Gut und Böse (Além de bem e mal), GM para Zur Genealogia der Moral (Para a genealogia da moral), GD para Götzen-Dämmerung (Crepúsculo dos ídolos) e EH para Ecce Homo (Ecce Homo). Para os Nachlaß (Fragmentos póstumos), indico o período de produção e o caderno de referência e também a página e o volume em que se encontra na KSA. Para as obras de Kant teremos: KrV para a Kritik der reinen Vernunft (Crítica da razão pura) e KpV para a Kritik der praktischen Vernunft (Crítica da razão prática). A edição utilizada no caso de Nietzsche é a Edição Crítica (Kritische Studienausgabe-KSA) em 15 volumes, organizada por Giorgio Colli e Mazzino Montinari e publicada pela W. de Gruyter e, no caso de Kant, a edição Werkausgabe em 12 volumes organizada por Wilhelm Weischedel e publicada pela Suhrkamp. Para as demais citações, utilizo o padrão "autor, data e página", omitindo o autor no caso de já estar explícito no parágrafo.
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