Entre as tramas da indústria da moda: argumentos sobre o trabalho escravo contemporâneo na sociedade de consumo [thesis]

Thais Oliveira
Quando aventei (e me aventurei em) participar do processo seletivo para o Mestrado em Administração, não imaginei o quanto essa decisão me mudaria. Nas lutas pelo caminho, aprendi que, para o que é importante, não existem atalhos. Esforço não é uma opção, mas, sim, uma exigência natural para quem deseja se tornar "mestre". É triste quando chegamos ao nosso limite e uma alegria quando nos superamos. No caminho, encontrei tesouros! Disciplinas, docentes, discentes, familiares, amigos e amigas
more » ... laram-se, tornando este trabalho possível. Disciplinas provocativas fizeram ressurgir o pensamento crítico adormecido, me fazendo encarar todo o curso de outra forma, e ter um olhar analítico em outros campos da vida. "Acordar" foi o começo de um processo que não se encerra aqui. Muito ainda está por vir. Agradeço em ordem alfabética, pois seria injusta qualquer outra ordem. À Professora Doutora Alessandra de Sá Mello da Costa, por aceitar o convite para compor a banca; À Aline Silva Barroso, diretora geral do campus Itumbiara (IFG), por ter deferido minha solicitação de licença e pelo exemplo de pessoa; Às Amigas que ajudaram, na fase das entrevistas, a pensar e buscar pessoas para as entrevistas: Adriana, Laiene, Lu, Lynnea, Michelle, Regina e todos que aceitaram ser entrevistados; Às Amigas e aos Amigos que revisaram e corrigiram a dissertação, discutindo e ajudando a melhorá-la em todos os seus aspectos, desde a formatação e adequação às normas da ABNT até a melhora das ideias e melhor extração dos resultados; Ao Professor Doutor. André F. A. Fagundes, por ter me apresentado o "lado bom" do marketing, pelas sugestões e contribuições de grande valor durante todo o mestrado e, principalmente, quanto ao desenvolvimento da dissertação; À Professora Doutora Cíntia Rodrigues de Oliveira Medeiros, por aceitar ser minha orientadora. A pesquisa não seria realizada sem suas preciosas orientações. Sou grata pelo privilégio que me concedeu de ser sua orientanda. Agradeço pela paciência, condução, orientação, por me ajudar nas minhas dificuldades e também por tolerar meus defeitos e minhas "asneiras"; À Banca de Qualificação: professora Doutora. Cíntia Rodrigues de Oliveira Medeiros e professores Doutor. André F. A. Fagundes e Doutor. Valdir Machado Valadão Júnior, pelas correções, sugestões, paciência e por me fazer enxergar o que ainda não tinha percebido; Ao Coordenador do programa, Prof. Doutor Valdir Machado Valadão Júnior, pelas constantes demonstrações de paixão pela profissão, pelas preciosas contribuições e por sempre ter me tratado tão bem; À FAGEN, por existir, por ter me recebido de forma acolhedora e por tudo que aprendi nestes anos de mestrado. Eu não poderia ter escolhido programa melhor; À Família: meus pais; meu irmão; minhas irmãs; meus sobrinhos; minhas sobrinhas e todos os agregados à família, pelo incentivo, confiança e ajuda durante o mestrado e toda a vida; Ao Ilson, pela companhia, compreensão, apoio e encorajamento, por me fazer enxergar que a gravidade nos puxa pra baixo, mas não nos impede de emergir, e que lutando contra ela nos fortalecemos; Ao Instituto Federal de Goiás por todo o apoio; À Mírlia Renata, por ter me desafiado e encorajado, pois, assim, pude descobrir as dificuldades, as superações e as satisfações que sempre achei que não eram para mim; Aos Professores e às Professoras do Mestrado, por tudo; A Todos que ajudaram e contribuíram durante o mestrado: colegas de mestrado; de trabalho e demais amigos e amigas que se fizeram presentes, e àqueles fiéis companheiros que trouxeram leveza e graça nos momentos mais difíceis: Branquinho, Chorão e Mudinho; A quem se dispuser a ler. Em tempo, a escolha pela impressão em papel reciclado é decorrente de minha visão social, na qual não existe dissociação entre sustentabilidade ambiental, social e econômica. Acredito no uso racional dos recursos. Fonte: Dalcio (2015). RESUMO O trabalho escravo no mundo, apesar de sua abolição, ainda existe. Em um novo contexto sóciohistórico, as correntes e senzalas foram deixadas para trás, e, atualmente, os trabalhadores são aliciados, sujeitados a condições degradantes e têm seus direitos cerceados. O trabalho escravo contemporâneo tem emergido como tema de pesquisa nos Estudos Organizacionais desde o início dos anos 2000, chamando atenção para lacunas a serem preenchidas sobre o modo como as organizações, no mundo todo, utilizam essa prática. O trabalho escravo contemporâneo é encontrado nas mais diversas atividades econômicas, desde carvoarias até indústrias têxteis ou mesmo comércios. Nesta dissertação, incorporamos a discussão sobre consumo ao campo dos Estudos Organizacionais, abordando a escravidão moderna, procurando entender o ponto de vista de consumidores sobre a temática, ou seja, pesquisamos as interpretações de consumidores quanto ao trabalho escravo na indústria da moda. Nosso objetivo é analisar a construção argumentativa de consumidores de moda na decisão de aquisição ou não de produtos produzidos por empresas do ramo da moda que foram denunciadas pela utilização de trabalho escravo. Adotamos a indústria da moda como foco de pesquisa porque ela obscurece a reflexão dos consumidores que, ao fazerem suas compras, sentem-se como que entrando em outro mundo: de beleza e fantasia, em busca da sua própria satisfação. Soma-se a isso o fato de a indústria da moda brasileira ser uma das maiores do mundo (ABIT, 2015), existindo no país uma força simbólica muito presente. Realizamos uma pesquisa do tipo qualitativa, utilizando de entrevistas semiestruturadas com 35 consumidores para identificar os seus argumentos de acordo com os critérios definidos por Liakopoulos (2002): dados, proposições, garantias, apoios e refutações. Os dados são as afirmações utilizadas pelos entrevistados de forma categórica, estão claras nas entrevistas. As proposições são o que qualifica e justifica o dado utilizado. As garantias estão relacionadas à natureza dos dados, é o que dá sentido ao dado e apresentam-se de forma implícita na fala dos entrevistados. Os apoios são premissas universais apresentadas com o objetivo de legitimar os argumentos. As refutações, quando presentes, são a contestação do argumento. Como resultados, encontramos consumidores que desenvolveram argumentos de pró-consumo e anticonsumo e que defenderam ideias sobre a responsabilidade de diferentes atores quanto à existência e combate a esta prática. A partir das duas categorias: (1) pró-consumo -consomem, apesar das denúncias e (2) anticonsumo -não consomem, por causa das denúncias, identificamos as seguintes linhas argumentativas: ceticismo, atribuição de culpa e engajamento moral. Ao final, apresentamos a construção argumentativa dos entrevistados e analisamos os resultados obtidos. ABSTRACT Even after its abolition, the slave labor still exists in the world. In a new socio-historic context, the shackles and slave quarters have been left behind, nowadays the workers are tempted, subjected to degrading conditions and have their rights retrenched. The contemporary slave labor has been emerging as subject of research in the Organizational Studies since the early 2000s, calling attention to many gaps to be filled about the way organizations all around the world use this practice. Contemporary slave labor is found in many and various economic activities, since coal to textile industries or even stores. In this dissertation, we have incorporated the consumption dimension to the field of Organizational Studies, discussing the modern slavery, aiming to understand the consumers' point of view about this topic, that is, we have researched the consumers' interpretations concerning the slave labor in the fashion industry. Our objective is to analyze consumer's argumentative construction in the decision of buying or not products made by industries from the fashion field that were denounced because of slave labor usage. We have adopted fashion industry as research focus because it obscures the reflection of the consumers that feel like in a new world while shopping, a world of beauty and fantasy, seeking their own satisfaction. Furthermore, the Brazilian fashion industry is one of the biggest of the world (ABIT, 2015), with a huge symbolic strength in the country. We have realized a qualitative research using semi-structured interviews with 35 consumers to identify their arguments according to the criteria defined by Liakopoulos (2002): data, propositions, guarantees, supports and refutations. The data are the statements used by the interviewees categorically, that is, those which are clear in the interviews. The propositions are what qualifies and justifies the used data. The guarantees are related to the nature of the data, they are what gives the sense to the data and are introduced implicitly in the interviewee speech. The supports are universal premises introduced in order to legitimate the arguments. The refutations, when present, counter the used arguments. As results, we've found consumers who developed arguments pro-consumption and anti-consumption and who have defended ideas about the responsibility of different actors for the existence of this practice and for the fight against it. From these two categories: (1) pro-consumptionconsume despite the complaints and (2) anti-consumptiondon't consume, because of the accusations; we have identified the following argumentative lines: skepticism, faultfinding and moral engagement. By the end, we have presented the interviewees' argumentative construction and the obtained results.
doi:10.14393/ufu.di.2016.377 fatcat:jzr3d27sibgylm7cfso6sefoo4