Ainda existe consciência?

Renato Rodrigues Kinouchi
2004 Scientia Agricola  
Introdução Em 2004 comemora-se o centenário do ensaio "Existe consciência?" de William James . Escrito seis anos antes do falecimento do autor, trata-se de um trabalho da maturidade, que pode ser considerado como uma boa síntese dos resultados obtidos por James ao longo de sua trajetória intelectual. Em resposta à pergunta-título, James diz que durante muitos anos desconfiara da existência da consciência como uma entidade ou substância supranatural, transcendental, uma res cogitans em oposição
more » ... res extensa. Nesses termos, ou seja, como entidade ou substância sui generis, o filósofo e psicólogo norte-americano chegou à conclusão de que ela não existia. Entretanto, havia uma função usualmente atribuída à consciência que não poderia ser sumariamente descartada. James chamava a isso de função cognitiva, ou função do conhecer. Com relação a essa função, a essa performance, James entendia que ela, sim, existia. A melhor alternativa para ilustrar o ponto é efetuar uma citação direta, deixando James falar por si mesmo: Permitam-me imediatamente explicar que eu apenas procuro negar que a palavra consciência represente uma entidade, mas insisto muito enfaticamente que ela representa uma função. Digo que não há substância ou qualidade ab-original do ser (...), mas na experiência há uma função exercida pelos pensamentos, e é para isso que uma tal qualidade do ser é invocada. Essa função é o conhecer. A 'consciência' é suposta necessária para explicar o fato de que as coisas não apenas são, mas podem ser reportadas, conhecidas. Qualquer um que riscar a noção de consciência de sua lista de primeiros princípios ainda terá que oferecer algum modo pelo qual tal função [do conhecer] é executada (1976 [1904], p. 4). notas e críticas scientiae zudia, São Paulo, v. 2, n. 3, p. 415-25, 2004
doi:10.1590/s1678-31662004000300008 fatcat:wvcsgkrfyrcjfffxcothzie5vu