Peregrinas e inauditas invenções: primeiros caminhos da imagem

Enivalda Nunes Freitas Souza, Elzimar Fernanda Nunes Ribeiro
2018 Téssera  
Em seu número inaugural, a Téssera -Revista do GT da ANPOLL "Imaginário, representações literárias e deslocamentos culturais" se apresenta composta por artigos cujo aporte teórico recaem sobretudo em Carl Mircea Eliade e Gilbert Durand. Coube a este último uma sistematização da crítica do imaginário nos termos da mitocrítica, um método de investigação que promove o entrelaçamento da cultura com a arte, concebendo uma hermenêutica do texto literário a partir das imagens, dos símbolos e dos mitos
more » ... que se manifestam na sua tessitura. Ancorando-se no paradigma antropológico que permite observar na arte a universalidade das formas arquetípicas e seus valores simbólicos flutuantes e intercambiáveis, Durand (2002) lança os fundamentos da mitocrítica em A estruturas antropológicas do imaginário. Por outro lado, em O imaginário (2004), o estudioso assinala o desprestígio que a imaginação sofreu no ocidente. Custa ao racionalismo ocidental aferirlhe o estatuto de portadora de verdades, geralmente atribuído ao pensamento lógico. Neste sentido, a reabilitação da via do imaginário como fonte de saber antropológico, na cultura ocidental, tem sido operada em grande medida pelos artistas, desde os poetas-filósofos préromânticos alemães em fins do século XVIII, passando pelos simbolistas, até a sua explosão no Surrealismo. E, no entanto, sendo a imaginação tão cara e inerente aos seres humanos, é enganoso supor que só a partir do século XVIII, filósofos, poetas e teósofos passaram a considerá-la em seus trabalhos. Antes de se considerar a força de uma palavra inventada, o mito já havia
doi:10.14393/tes-v1n1-2018-1 fatcat:n53aoidygrbeljugiihs7kefkm