Comunicação e arte: o experimento sociológico de Brecht

Celso Frederico
2008 Comunicação & Educação  
Resumo: O sucesso comercial da encenação da peça A ópera dos três vinténs fez com que uma poderosa companhia cinematográfica, interessada em filmá-la, procurasse Brecht. Ele aceita a proposta, mas impõe a condição de ser ele o responsável pela adaptação para o cinema. A companhia concorda, então Bertolt Brecht escreve um roteiro suprimindo os elementos comerciais responsáveis pelo sucesso da peça e desenvolvendo ao máximo os aspectos revolucionários do texto. O caso vai parar nos tribunais.
more » ... ht aproveita a ocasião para fazer um debate público sobre as relações entre teatro e cinema, arte e mercadoria e, principalmente, sobre o direito de propriedade da obra artística. Palavras-chaves: teatro, cinema, mercadoria, propriedade intelectual, comunicação. Abstract: The commercial success of the staging of The Threepenny Opera caused a powerful film company interested in shooting it to contact Brecht. He accepts the proposal, but imposes a condition: that he would write the adaptation for the cinema. The film company accepts it, and Brecht then writes a screenplay from which he suppresses the commercial elements that had been responsible for the play's success and develops as much as possible the revolutionary aspects of the text. The issue ends up in court. Brecht seizes the occasion to launch a public debate about the relationships between theater and cinema, art and commodity and, mainly, about the property right of the work of art. Em 1930, Bertolt Brecht expressou a consciência do insuperável conflito entre sua visão pedagógica e revolucionária e o que deveria ser a produção artística e a dinâmica do mundo mercantil: [...] uma inovação que não ameace a função social da engrenagem [...] pode por ela ser apreendida. Mas as que tornam iminente a mudança dessa função e procuram dar à engrenagem uma posição diferente na sociedade [...] esta mudança é renegada por ela. A sociedade absorve por meio da engrenagem apenas o que necessita para sua perpetuação. [...] as engrenagens não pertencem à comunidade: os meios de produção não são ainda a propriedade daqueles que produzem, de modo que o trabalho tem a característica de uma verdadeira mercadoria 1 .
doi:10.11606/issn.2316-9125.v13i3p13-18 fatcat:lu2fdtrykrcivppmhz243o33eq