OBESIDADE INFANTIL: ABORDAGEM COMPORTAMENTAL FAMILIAR [chapter]

Flavia Maria Lacerda Felippe
2022 Pesquisas e Inovações em Ciências da Saúde e Biológicas: Produções Científicas Multidisciplinares no Século XXI, Volume 2  
A obesidade é uma doença crônica, definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo. Com prevalências variando de 10 a 40%, o excesso de peso é hoje um dos maiores problemas de saúde no país. Em crianças e adolescentes, pode desencadear ou agravar doenças como Diabetes, doenças cardiovasculares (hipertensão, dislipidemias), apneia do sono, alguns tipos de câncer, bem como problemas sociais e psicológicos. O desenvolvimento eleva a chance da
more » ... criança/adolescente se tornar um adulto obeso, com percentuais elevados de insucesso nos tratamentos tradicionais através de dietas e planos restritivos. Seu caráter grave e crônico exige uma compreensão especializada para controlar, prevenir e tratar a epidemia. O OBJETIVO desse trabalho é relatar a experiência de intervenção com crianças e suas famílias e identificar o modelo de atendimento desenvolvido em clínica privada. O relato ilustra o caso de uma criança de 8 anos, altura de 1.36, 53 Kg, com IMC 28.2 (obesidade) atendida em um programa infantil chamado Programa Gurizada Leve. A intervenção terapêutica é centrada em três aspectos: vínculo (garante adesão), informação (aprendizagem que gera autonomia) e técnica (estímulo à capacidade de enfrentamento). Esse tripé privilegia escuta sensível, postura de não julgamento, brincadeiras e dramatizações, tarefas e desafios, promovendo um manejo comportamental especializado para subsidiar o suporte às famílias. MÉTODO: A coleta de informações ocorreu através dos registros de acompanhamento das consultas semanais, com duração de 60 minutos, com e sem a presença da família. Realizou-se monitoramento da disponibilidade de alimentos com atenção ao ambiente obesogênico, diminuição de oferta de alimentos industrializados, ricos em sódio, açúcar e gorduras, bem como ultra processados, proporcionando o planejamento alimentar. Da mesma forma o planejamento de atividades da semana, tais como lanches escolares, festas infantis, eventos e observação do comportamento infantil. O modelo privilegia aspectos da nutrição, atividade física, lazer e escuta às demandas infantis. RESULTADOS: A abordagem comportamental desperta na criança e na família acolhimento, engajamento e valorização das mudanças desejadas, promove adesão da família no plano alimentar da criança com mudança do padrão alimentar. As famílias aprendem a manejar os momentos de compulsão, identificam outras formas de lidar com as demandas infantis, passam a validar e valorizar as mudanças percebidas em seus aspectos positivos, bem como desenvolvem a compreensão da doença. O emagrecimento foi verificado, chegando ao peso de 42Kg, IMC de 21.34 (sobrepeso), em 10 meses. Avaliando as mudanças nos hábitos alimentares e comportamentais permanentemente com a família, identificou-se melhora do paladar para frutas e vegetais, alteração da qualidade e quantidade da dieta, frequência de número de refeições, proporcionando controle das quantidades ingeridas. Observou-se manifestação de mais disposição e energia, menos ansiedade, diminuição da voracidade e comportamento compulsivo. A família reconhece na criança maior tranquilidade, melhora na Página 493
doi:10.55232/10830011.44 fatcat:ursqenbrzjhbrlblsgw3ekonhi