Automutilação e ideação suicida: um drama da adolescência na atualidade/ Self-mutilation and suicidal ideation: a drama of adolescence today

Sílvia Cristina de Vargas, Stéfani Machado Romero
2021 Brazilian Journal of Health Review  
RESUMO O artigo analisa a automutilação e a ideação suicida, suas similaridades e diferenças, enfatizando o sofrimento emocional presente nos dois comportamentos e a possibilidade de eles também aparecerem juntos. Justifica-se pela necessidade de visibilidade da adolescência e seus processos, para que as transições pelas fases da vida tenham um olhar mais compreensivo e esclarecedor. Tem como objetivo relacionar o advento das TICs e sua relação com a ASIS, e desmistificar a chamada 'rebeldia'
more » ... mo um processo psicológico e neuro cognitivo. A metodologia utilizada foi uma revisão bibliográfica, com ênfase no comportamento autolesivo e a ideação suicida. Considera-se de suma importância a desestigmatização da ASIS como ou drama ou um tabu, realçando a necessidade do diálogo, do entendimento do desenvolvimento humano e das necessidades e características psíquicas dos adolescentes. Palavras-chaves: Ideação suicida, automutilação, adolescência, sofrimento emocional. ABSTRACT The article analyzes self-mutilation and suicidal ideation, their similarities and differences, emphasizing the emotional suffering present in both behaviors and the possibility that they may also appear together. It is justified by the need for visibility of adolescence and its processes, so that the transitions through the phases of life have a more comprehensive and enlightening look. It aims to relate the advent of ICTs and their relationship with ASIS, and to demystify the so-called 'rebellion' as a psychological and neuro-cognitive process. The methodology used was a literature review, with emphasis on self-injurious behavior and suicidal ideation. The destigmatization of ASIS as either a drama or a taboo is considered of utmost importance, highlighting the need for dialogue, anexa ao HU -Hospital Universitário na cidade de Bagé/RS, para esse fim utilizou-se a pesquisa ecológica, realizada pelo registro documental dos adolescentes que procuraram o Serviço Escola. Bagé conta com população estimada em 120 mil habitantes, sendo o SEPA local de atendimento psicológico que atende a comunidade via SUS -Sistema Único de Saúde, funcionando, na época, com aproximadamente 30 estagiários curriculares do último ano do curso de psicologia e voluntários egressos da ICES. O total de pacientes considerado foi relativo aos que procuraram atendimento no intervalo de março à agosto do referido ano, compondo um total de 347 indivíduos, subdivididos em grupos, de acordo com a idade, conforme segue: de 4 a 9 anos somando 56 crianças, equivalente a 16% do total; 139 jovens, com idade de 10 a 24 anos, ou seja, 40% do total; de 25 a 76 anos, 152 adultos, perfazendo 44%; sendo nosso objeto de estudo o intervalo dos 40% de 10 à 24 anos. Dentro desta amostra específica, temos 23,7% ou 33 jovens, que apresentavam os sintomas e comportamento de automutilação e/ou ideação suicida como queixa inicial e ou motivacional para busca do atendimento e, outros 14,3% ou 20 jovens, que relataram estas queixas durante o processo de seu tratamento. A seleção dos sujeitos foi realizada com base no cadastro, na entrevista inicial, na anamnese e nos registros de sessão dos pacientes em seus prontuários. Contabilizamos que, dos 139 adolescentes no intervalo de 10 a 24 anos, 53 deles apresentavam comportamento sintomático ou queixa de automutilação, ideação suicida ou ainda ambos, sendo decorrente de fatores endógenos, exógenos ou, também, ambos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o suicídio constitui-se, atualmente, em um problema de saúde pública mundial, pois está, em muitos países, entre as três principais causas de morte entre indivíduos de 15 a 44 anos e é a segunda principal causa de morte entre indivíduos de 10 a 24 anos (ESCOBAZA e BORTOLON apud WHO, 2016). Desta forma, além de conceituar e contextualizar a adolescência, outro fator discutido aqui é se, e como, a exposição e discussão destes sintomas, a participação em grupos de redes sociais, a programação disponível nas plataformas de streaming, enfim, as TICs de um modo geral, e consequentemente seu alcance e visibilidade, funcionam como multiplicadores dos comportamentos de automutilação e ideação suicida. Buscar compreender esse fenômeno motivou a realização da presente revisão.
doi:10.34119/bjhrv4n4-009 fatcat:szabegvpibfo5eehknkzknsykq