Descontinuidade política, rotatividade de diretores e desempenho dos alunos: efeitos adversos de novos prefeitos na educação municipal
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Jéssica Gagete Miranda
Agradecimentos Em seu livro Poor Economics, Banerjee e Duflo (2011) trazem à tona um fato que eu, embora já tivesse de certa forma assimilado, não tinha incorporado à minha realidade: a educação dos filhos é, para os pais, um investimento de longo prazo (e, muitas vezes, arriscado, pois não necessariamente trará retornos para os investidores). E, como a natureza dos seres humanos é impaciente, muitos pais acabam sendo relapsos com a educação de seus filhos, em favor de projetos com prazo menor.
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... Mais intrigante ainda: não existe nada que os grandes beneficiários da educação, os filhos, possam fazer a respeito já que, durante a fase de suas vidas onde eles deveriam estar indo à escola, são os pais que têm controle sobre eles e sobre o que eles devem ou não fazer. Eu sempre tomei como dada a sorte que eu tive por ter nascido em uma família tão devotada aos meus estudos. E só hoje me dou conta da felicidade que tive, ainda mais em um país como o Brasil, onde a educação infelizmente ainda é tão precária. Por isso, as primeiras (e mais importantes!) pessoas contidas nesses agradecimentos são meus pais, Elaine e Benedito. Obrigada por me ensinarem absolutamente tudo de importante que eu precisava saber para conseguir entender tudo o mais que viria depois. Obrigada por terem se preocupado acima de tudo com a minha formação como pessoa, e por terem me passado seus valores, que carregarei comigo para sempre. Obrigada por não se conformarem que suas filhas iriam para as escolas tradicionais de uma cidade pequena que era Botucatu na época, e por terem descoberto e nos matriculado na Aitiara, escola Waldorf, onde aprendi muito mais do que português e matemática. Obrigada por todas as noites quando, mesmo cansados do dia intenso de trabalho, se sentavam ao meu lado e me ajudavam no dever de casa. Obrigada por confiarem no meu potencial, mesmo quando eu mesma já duvidava dele, e me incentivarem a tentar mais uma vez o vestibular da USP quando minha primeira tentativa falhou. Eu não consigo e nem quero imaginar como seria minha vida sem vocês. Claro que para me darem toda essa base de sustentação, meus pais também tive-ram em quem se apoiar. E assim, estendo meus agradecimentos aos meus avós Lourdes e Orlando, às queridas Cacá e Vó Ruth (que, tenho certeza, continuam me acompanhando, mesmo de longe) e a toda minha família de Cesário Lange que, apesar da distância física, esteve sempre tão presente. Verônica, minha irmã querida. É tão difícil sintetizar toda minha gratidão por seu companheirismo desde os primeiros segundos de minha vida. Obrigada por sempre cuidar tão bem de mim e por ter se tornado minha primeira e maior amiga. Obrigada por não medir esforços para me ajudar sempre que preciso. Mesmo estando em outras cidades, países, ou continentes, sua presença eu consigo sentir bem de perto, a todo tempo. Não sei muito bem em qual ponto da minha graduação eu decidi que faria mestrado. Sei que quando cheguei ao último ano de curso, essa ideia já estava completamente incorporada por mim. Com certeza foram diversos os agentes que me auxiliaram em minha escolha. Entretanto, acredito que a motivação inicial veio do estágio que fiz na Gerência de Avaliação de Projetos do Banco Itaú. Nesse sentido, agradeço a você, Gabi, que descobriu minha vocação acadêmica antes de mim mesma e me indicou para a vaga de estágio. Obrigada por tudo o que eu aprendi com você ali (não sei se você se lembra, mas foi você quem me apresentou para o stata!) e obrigada por ter se tornado uma amiga tão querida, desde aquela época. Aqui, agradeço também à Lígia, minha chefe, que sempre prezou pelo meu aprendizado. E aos queridos Ana, Maína e Rafael, por tudo o que me ensinaram e pelos bons momentos que passamos na GAP e fora dela. Certamente, outra motivação fundamental que tive para realizar o mestrado foi minha monografia de final de curso, que realizei sob a orientação do Professor Marcos Rangel, quem eu considero um de meus grandes mentores. Eu acredito que uma feliz coincidência da minha vida acadêmica foi ter estado na FEA durante o mesmo período que o Professor Rangel passou por lá. Durante a elaboração de minha monografia ele me fez ver como é divertido (ainda que rigoroso) o trabalho do cientista, me mostrando que a vida acadêmica era uma alternativa promissora para mim. E, ao me receber na Duke University durante meu mestrado, ele me deu mais uma vez a oportunidade de "me encontrar" como pesquisadora e de decidir quais serão os próximos passos daqui para frente. Obrigada professor, pelo seu empenho cotidiano em inspirar seus alunos sobre a beleza da ciência. Obrigada também pela ajuda valiosa que você deu ao meu trabalho de mestrado. À querida Professora Elaine, minha orientadora, agradeço por toda a dedicação, empenho e inspiração que você devotou à minha dissertação. Obrigada pela ideia do tema, com o qual eu tanto gostei de trabalhar. Agradeço também por sempre apoiar minhas ideias e me incentivar a correr atrás daquilo que quero. Por sua presença constante por Skype, mesmo quando eu estava fora. Por ter me dado a oportunidade de oferecer monitoria à sua turma de microeconomia, onde eu tive a chance de saber o que é (e como é divertido) ensinar. Por fim, agradeço a pessoa que você é, sempre solícita, alegre e bem humorada. Não saberia expressar como foi gratificante e inspirador para mim trabalhar com você. Daniel, já falei isso para você, mas faço questão de repetir: trabalhar ao seu lado no LEPES fez valer o meu mestrado! Às vezes me pergunto quantos estudantes de economia no Brasil têm a oportunidade de trabalhar em um laboratório de pesquisa em estudos sociais e chego à conclusão que são bem poucos. Você como ninguém consegue trazer a pesquisa ao alcance dos alunos. Mais que isso: consegue fazer com que a pesquisa saia do ambiente universitário e chegue nas mãos de quem pode realmente fazer a diferença. Saiba que tenho grande admiração por você. Obrigada por todas as conversas e conselhos, que foram muito valiosos para mim. Aproveito aqui a oportunidade para agradecer o companheirismo e amizade de meus colegas do LEPES. Obrigada queridos, por fazerem minhas tardes mais divertidas e alegres. Eu tive a sorte de ter sido ajudada por diversas pessoas durante a elaboração de minha dissertação. Afora as já citadas, devo também agradecer ao Maurício, pelas ideias interessantes, logo no começo de meu trabalho; ao Professor Sérgio Sakurai, pela ajuda com as leituras em economia política; à minha prima Daiane e às funcionárias da Secretaria de Educação de Ribeirão Preto, por me ajudarem a entender um pouco melhor sobre o processo de contratação dos diretores de escolas municipais. Também agradeço aos funcionários da secretaria de pós graduação da FEARP, Matheus, Tiago e Érica, por toda atenção e apoio. E aos funcionários do escritório de apoio à pesquisa, especialmente ao Paulo, que tanto me ajudou em diversos momentos. Agradeço também à CNPq e à FAPESP, cuja ajuda financeira permitiu que eu me dedicasse com profundidade a esta pesquisa. Por fim, agradeço ao Lucas, meu namorado, que foi um grande companheiro durante todo esse processo, fazendo com que ele se tornasse muito mais leve e emocionante (obrigada Lulu, também por suas opiniões, sugestões e boas ideias em cada parte de meu trabalho). E, claro, aos meus amigos, novos e antigos, que me deram a força necessária para sempre seguir em frente. Luciana, minha amiga/irmã, de ontem, hoje e sempre, que nunca deixou de incentivar minhas buscas e de dar brilho às minhas conquistas. Aos queridos Felipe, Nathara e Paula, que fizeram de minha graduação um período tão saudoso. Ao Thiago e à Gabi Gall, por todas as boas conversas. Aos amigos do Crea+, quem eu admiro tanto pela luta constante em melhorar a educação de nosso país (particularmente, agradeço à Raquel, que sempre me inspirou com sua alegria, garra e fé). Aos amigos do mestrado, que não me deixaram ficar louca nesse processo. Em especial, agradeço aos queridos Léo, Lucas (de novo!) e PH. Obrigada pela amizade, pelas conversas, pelas risadas. Obrigada por fazerem minhas horas de estudos mais leves e minhas horas de lazer as mais divertidas possível. O que eu mais gosto sobre a vida é a infinidade de oportunidades que ela nos desdobra a cada momento. Foram diversas as escolhas que me fizeram estar agora escrevendo estas linhas. Algumas delas foram acertadas. Outras, nem tanto assim. Mas, se eu precisasse, cometeria de novo os mesmos erros e acertos que me fizeram chegar até aqui. Resumo MIRANDA, J. M. Descontinuidade política, rotatividade de diretores e desempenho dos alunos: efeitos adversos de novos prefeitos na educação municipal. 2015. 140p. Dissertação (Mestrado) -Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2015 O presente estudo investiga o impacto da rotatividade dos diretores de escolas públicas municipais sobre o desempenho educacional de um município. Para tanto, foi utilizada uma metodologia de regressão descontínua, onde exploramos a alta correlação entre descontinuidade política no município (isto é, a troca do prefeito governante) e rotatividade dos diretores naquela localidade. Como resultados, encontramos que a rotatividade dos diretores tem um impacto negativo sobre o desempenho dos alunos, especialmente sobre o crescimento do IDEB de 2007 a 2009, que chega a ser 2.60 p.p. menor em cidades de alta rotatividade (ou seja, de 78%, valor igual a média das cidades que experimentaram descontinuidade política). Investigando os mecanismos de transmissão através dos quais esse impacto ocorre, verificamos que os diretores apontados pelos novos prefeitos são menos experientes no cargo de gestor escolar. Além disso, aqueles que cedem seus lugares aos novos diretores tinham, por vezes, um tempo longo de casa nas escolas, sendo que sua saída pode ter gerado maiores instabilidades. Palavras-chave: Educação, Descontinuidade Política, Rotatividade dos Diretores. Abstract MIRANDA, J. M. Political discontinuity, principals' turnover and students development: adverse effects of new mayors on municipalities' education. 2015. 140p. Dissertation (Master) -School of Economics, Business and Accounting of Ribeirão Preto, University of São Paulo, Ribeirão Preto, 2015 The present study investigates the impact of principals' turnover in Brazilian public schools on the municipalities' educational performance. In order to perform such investigation, we adopted a regression discontinuity design, which explored the high correlation between political discontinuity in the municipality (i.e. the shift of the governing mayor) and school principals' turnover in that area. As a result, we found that principals' turnover has a negative impact on student achievement, especially on the growth of the Brazilian Index of Basic Education (IDEB) from 2007 to 2009, which is up to 2.60 percentage points lower in high principals' turnover cities (i.e. cities where the turnover rate is about 78 %, same as the average rate in the locations that experienced political discontinuity). Performing an investigation of the transmission mechanisms through which this impact occurs, we found that principals appointed by the new mayors are less experienced as school managers. Moreover, some of the old principals, removed from their positions, have had a long tenure in schools. Therefore, their shift could lead to greater instability in the institutions.
doi:10.11606/d.96.2015.tde-15092015-105243
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