Contação de histórias: sabedoria e identidade cultural do campo

Marciane Aparecida Costa, Silva Pereira, Cecídia, Barreto Almeida
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RESUMO É sabido que contar histórias é uma forma de comunicação humana que se estende aos dias de hoje. No entanto, tal prática se vê furtivamente ameaçada pelo desprendimento dos valores culturais tradicionais ante o florescer midiático. Objetivo: O presente trabalho postula o resgate da prática da contação de histórias no seio da comunidade rural de Jatobá, município de Janaúba/MG, através de um plano de intervenção pedagógico, como forma de valorizar as tradições e saberes do campo.
more » ... ia: Através de procedimentos de campo, foram avaliadas as perspectivas da tradição oral, partindo dos moradores mais antigos da localidade em cruzamento de dados com estudantes da escola local. Foi acionada uma entrevista para o primeiro grupo e um questionário para o segundo, buscando diagnosticar e refletir mais profundamente a realidade da tradição. Resultados: Evidenciou-se que a contação de histórias perde espaço no campo. As novas gerações têm pouco comprometimento e conhecimento das tradições e irrefletidamente se desconectam do núcleo cultural identitário de seu povo. A escola tem o papel de ressignificadora de práticas no resgate do berço cultural local. Considerações finais: A narrativa de histórias é uma atividade de potencial pedagógico inestimável, porém se vê em risco de desaparecimento, cumpre o ofício de seu resgate que se concatena ao resgate cultural e identitário de um povo e ao resgate do próprio indivíduo em seus manifestações e memória. Palavras-chave: Contação de histórias. Identidade cultural. Memória e cultura. Escola do campo. INTRODUÇÃO Desde sempre o homem contou histórias, dando vazão à sua intrínseca necessidade de comunicação, traduzindo, por meio de palavras, os acontecimentos cotidianos e as memórias transmitidas por seus ancestrais (CAPRINO; PERAZZO, 2011). Em tempos passados era ao redor de uma fogueira que pessoas se reuniam para escutar os mais velhos narrarem suas aventuras, lembranças e ensinamentos (SILVA, 2011). A tradição oral contada pelos mais velhos constituía a base da educação geral das crianças (VANSINA, 2010). A palavra pronunciada era legitimadora, verdadeira, incontestável (ABRAMOVICH, 2010). Ainda hoje, a oralidade norteia a cultura popular, mas o narrador tradicional, aquele que se servia exclusivamente da "oratura", vem desaparecendo como também a prática narrativa se evanesce (UMBELINO, 2005). Ouvir e contar histórias são aspectos inerentes ao ser humano, já que, desde a infância, tal hábito começa a fazer parte do itinerário de vida das pessoas, refletindo, na maioria das vezes, todo o curso de
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