O circuito artístico e os discursos críticos: Renina Katz, os salões e a imprensa

João Paulo Brito dos Santos Ovídio, Universidade Federal do Rio de Janeiro
2019 Atas do 14º...   unpublished
A década de 1940 no Rio de Janeiro suscita um período fértil para a consolidação da arte moderna no país. É nesse momento em que ocorre a separação das tendências artísticas no salão em Divisão Geral e Divisão Moderna, conquista alcançada por meio da Portaria ministerial nº140, de 25 de julho de 1940. A cisão reforça a diferença estética entre os dois, o que permite uma melhor avaliação dos trabalhos, agrupados por afinidades plásticas, posto que os critérios para os primeiros não cabem aos
more » ... mos e vice-versa. Uma série de embates entre artistas conservadores e progressistas se fizeram presente nos salões, tanto por meio dos trabalhos expostos, como devido a legislação responsável pelo funcionamento do certame. De um lado, os defensores da manutenção da tradição acadêmica, do outro, os interessados nas novas tendências. A polaridade estava imbricada a uma ideologia plástica, responsável por alimentar o discurso de rivalidade, onde um era constantemente "demonizado" pelo outro. No Art 7. § 4º consta a área destinada para cada seção, sendo previsto três metros quadrados para desenho e artes gráficas -seção de nosso interesse -e dois metros quadrados para gravura, reservada a glíptica, enquanto as outras técnicas ocupavam até dez metros quadrados. Na época em questão os trabalhos em papéis recebiam menor reconhecimento, uma desvalorização do suporte. No que se refere especificamente a gravura artística, a produção ainda era incipiente, tanto como havia a depreciação do múltiplo, natureza desse meio expressivo. A insistência de mestres como Carlos Oswald no Liceu de Artes e Ofícios (LAO) e a presença de Axl Leskoschek no Rio de Janeiro contribuíram para uma mudança significativa no circuito artístico. Tais mestres foram responsáveis pela formação de uma nova geração, descrita pelo crítico de arte José Roberto Teixeira Leite como a fase de afirmação (1945)(1946)(1947)(1948)(1949)(1950)(1951)(1952)(1953)(1954)(1955). O salão era um espaço de privilégio, uma vez que nem todos os inscritos eram aceitos, sendo necessário submeter os trabalhos a uma comissão que decidia quem podia ou não expor. Além disso, era um espaço de prestígio, os artistas conquistavam reconhecimento e os trabalhos visibili-
doi:10.20396/eha.vi14.3392 fatcat:vdd5lq7etvcgvhfum4gov6jujy