Depois de Lacan: el ruido y las nueces 1
Fernando Urribarri
unpublished
O jornal Le Nouvel Observateur do dia 10 de setembro de 2010 iniciava sua página perguntando retoricamente: "Por que o trigésimo aniversário da morte de Lacan se tornou um pugilato entre seu genro e seu editor?" De fato, Jacques-Alain Miller, que nos últimos anos alternara entre o ostracismo depressivo e a expansividade teatral, retornava novamente à cena para acusar Olivier Bétourné, o CEO (Chiefexecutiveofficer) das Editions du Seuil-a editora responsável pela publicação dos Escritos e dos
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... inários, de Lacan-de armar um complô contra ele e de desfavorecê-lo no lançamento midiático e comercial do relevante aniversário. Literalmente, Jacques-Alain Miller acusava Olivier Bétourné de "tecer uma rede de silêncio" para isolá-lo, deixando-o de fora das decisões publicitárias e de imprensa. Em suas palavras, "fazendo com que as livrarias acreditem que sou inacessível, para que não me convidem". E ainda mais: Miller denunciou que, ao mesmo tempo em que o isolava, Bétourné "estava promovendo outra pessoa"-ninguém menos do que a própria esposa do editor, Elisabeth Roudinesco, também autora da du Seuil, que estava lançando um livro sobre o falecido mestre para a mortificante comemoração. Sem ironia nem consciência do ridículo, Miller protestou: "Vocês querem me enterrar vivo?" Para aumentar a teatralidade do gesto, Miller anunciou sua saída da Editions du Seuil por meio de uma carta pública, com impropérios incomuns dirigidos contra o editor, que a leu... em um teatro. O periódico Liberación zombou da situação com a manchete: "Chega de lacanear, diz Miller a Editions du Seuil". À velocidade do zapping, o genro, em desgraça, trocou a editora por outra do mesmo grupo proprietário, a Hervé de La Martinière. Em outras palavras, passou "do sexto para o quarto andar do mesmo edifício", como comentou o impassível Bétourné. E, então, publicou apressadamente Vida de Lacan (escrito, de acordo com o autor, em torno de vinte dias). Em Paris, as piadas se multiplicaram: "Quem está mais morto: Lacan ou o lacanismo?"; "O lacanismo é um zumbi: apesar de caminhar, avisem-no de que está morto".
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