A relocalização dos indivíduos sem-abrigo no espaço público

João Aldeia
2013 CIDADES, Comunidades e Territórios   unpublished
In the last decades, the economic orientation of public space has been accentuated and it has become less hospitable for homeless people, leading to a decrease of their survival possibilities. The traditional tension between hospitality and inhospitality strategies of dealing with the visible poor is being reconfigured in contemporary Western societies, creating a form of hospitality which is based on the active rejection of interaction with disqualified-because-poor-otherness. This kind of
more » ... phobic hospitality has the effect of reducing of the number and kinds of places where homeless people are welcomed. Unwelcomed in these public spaces, they are relocated to homelessness services and other heterotopic places to which the middle classes and elites have no interest in going to, indicating a tendency of spatial differentiation between «our places» and «their places». Um espaço público inospitaleiro para os indivíduos sem-abrigo Nas últimas décadas, o espaço público tem vindo a tornar-se crescentemente comercializável, retirando a sua utilidade da possibilidade de ser tornado economicamente rentável (Goldberger) 2. Nestes espaços públicos ou semi-públicos economicamente orientados, "(...) a receita para o sucesso foi construída sobre a conveniência e a segurança. Em tais espaços, o não-consumo é uma forma de desvio. Os direitos conferidos pela cidadania são crescentemente baseados em se ser um consumidor-consumidor de serviços privados e governamentais" (Atkinson, 2003: 1833-1834). Cada vez mais, as normas que regem estes espaços se subordinam à regra basilar que afirma que o acesso é somente garantido a quem tem possibilidade de comprar bens ou serviços aí disponibilizados e está disposto a entrar nesse circuito de aquisição. O acesso ao espaço é dependente do pagamento pelo direito de entrada e, simetricamente, aumentam as punições para quem não pode ou não deseja cumprir esta norma. Um conjunto de pressões económicas sobre os governos para que estes tornem as cidades business friendly influencia a postura do sistema político face aos pobres-não-potenciais-consumidores. Estes últimos-considerados desagradáveis para os consumidores potenciais e, possivelmente, desincentivando a sua presença nos locais de consumo-passam a ser indivíduos indesejáveis nestes lugares. A principal pena a que o não-consumidor se sujeita é a 1 alvesaldeia@gmail.com. 2 Todas as citações em língua original que não o português foram por mim traduzidas.
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