O TEMPLO DO MOZINHO E SEU CONJUNTO

Alberto Carlos, Ferreira De Almeida, Carlos, Alberto Ferreira De Almeida
unpublished
Nas campanhas arqueológicas de 1977 e 1978 no Castro do Mozinho, Penafiel, distrito do Porto, escavou-se uma zona contínua, e a sudeste, da Avenida, a qual, partindo da porta nordeste da muralha média, atra-vessa o povoado até à entrada principal da cerca superior. Ampliou-se assim, para esse lado, a mancha exumada e já publicada (1). Este sector apresentava-se coberto de muita pedra, geralmente com uma ou mais faces, dando a entender que, pelo menos na parte de cima, deveria haver restos de
more » ... struções de certo relevo, o que se confirmou depois. Não vamos publicar agora o estudo de toda a escavação. Esperamos fazê-lo, em breve, em publicação de conjunto onde se assumam também os dados e os problemas dos relatórios anteriores (2). Nesta notícia pretendemos apenas patentear umas notas sobre um conjunto de edifícios que se instala no lado sul do sector que escavamos, na sua parte mais alta, ao lado da Avenida e frente à entrada da muralha superior, o qual pela singularidade do seu arranjo urbanístico, do seu aspecto e da sua construção e até pelo espólio limitado, se aparta de todo o resto. Não há dúvida de que ele faz parte da reforma urbanística dos começos da época flávia que fez a Ave-nida e os edifícios do outro lado e também o recinto superior. Reforçamos assim o que já escrevemos (3). Acrescentamos por agora que, do lado nordeste deste sector escavado, há uma mancha de casas da primeira parte e meados do século I d.C. e que a ampliação da escavação, tanto para sudeste como para noroeste, acumulou-nos indícios indicativos de que esta reforma urbanística que situaríamos em redor dos anos 70 a 75 d.C, mais ou menos, parece terse limitado essencialmente a esta zona referida. Adiantando diremos que nos horizontes pré-flávios dominam as casas redondas, as quais têm geralmente vestíbulo. Nas casas castrejas, da época flávia, domina a forma rectangular e as redondas, que então se fazem, não apresentam vestíbulo. Temos a consciência de que este teste-munho é muito parcelar, porque se apoia numa zona escavada com cerca de três dezenas de casas e diz respeito somente a este povoado; mas não deixa de ser um dado a confrontar com outras análises e observações. Na técnica de construir nota-se também uma grande evolução. Na mu-ralha média-cuja data, na parte escavada, continuamos a atribuir aos meados do século I (2) Além do trabalho citado na nota (1) veja-se também Escavações Monte Mozinho, Penafiel, 1974. (3) Carlos Alberto Ferreira de Almeida, Escavações Monte Mozinho II, 1977. (4) Para além das razões que apresentamos em Escavações no Mozinho II, 1977, p.10 acrescentemos que se avolumaram os indícios confirmativos dessa atribuição, mas não encontramos ainda dados indiscutíveis.
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