Educação básica do campo no Brasil: organização federativa, perfil socioeconômico e desempenho [thesis]

Jose Eduardo Ferreira Lopes
Houve várias pessoas que contribuíram com esta caminhada. Algumas de forma mais incisiva, outras de maneira mais discreta, indireta, mas todas com muito valor. Agradeço a todos e permito-me citar os nomes de alguns. Agradeço ao meu nobre amigo e guru, o Prof. Dr. José Augusto Dela Coleta, quem tanto me orientou e ajudou com o projeto exigido no processo de seleção do doutorado. Ao Prof. Dr. Gilberto Shinyashiki, que de braços abertos me aceitou como orientando e, com muita serenidade, permitiu
more » ... ue eu mudasse de projeto e de orientador. À minha orientadora, Profa. Dra. Cláudia Souza Passador, pela parceria estabelecida, pela confiança em mim depositada e, principalmente, pela oportunidade a mim concedida por meio deste projeto. Aos meus amigos mestrandos e doutorandos da FEARP, pela oportunidade da convivência e da aprendizagem. Ao meu grande amigo Dr. André Fagundes que, além de contribuir de forma ímpar com este trabalho, também o fez durante o mestrado e foi quem me conduziu ao mundo acadêmico. Aos meus amigos Prof. Dr. Marcelo Tavares, Profa. Dra. Renata Daher e Profa. Dra. Verônica Angélica, pelas contribuições no desenvolvimento deste projeto. Aos meus amigos, por entenderem as ausências, compartilharem as angústias e darem forças para que eu seguisse em frente. À minha cunhada, amiga e dedicada revisora deste trabalho, Fernanda, à sua filha e minha querida afilhada Luiza e ao meu cunhado Claudio. Aos meus pais, Seu Zico e Dona Helena e aos meus irmãos Lúcia, Hélcio e Aroldo que, mesmo a distância, me acompanham e me apoiam. Aliás, a Dona Helena foi, por anos, professora de escolas rurais e em uma destas -Escola Estadual Manoel Firmino Lopes Valentecursei os primeiros anos da educação fundamental e a tive como minha professora. À minha sogra Wilma, pelo carinho e afeto, e ao meu sogro Fernando, pela acolhida, adoção, pela palavra amiga, pelo apoio incondicional e, claro, pelas vezes que foi o motorista de Uberlândia a Ribeirão Preto, pois eu havia passado a noite debruçado neste projeto e não tinha condições de dirigir. Por fim, à minha maravilhosa família, a minha esposa Cecília e os meus filhos Pedro e André, pela compreensão, pelo sorriso, pelo afeto, pelo amor, pela ternura, pela torcida, pela vibração e pelo apoio incondicional. A razão e a recompensa de todo o meu esforço são vocês. "As escolas primárias, a instrução do povo, a mais essencial de todas para o bem da nação essa, abandonada, esquecida, perseguida pelos tartufos políticos, e não tendo força para lutar com eles, sucumbiu, e hoje, podemos dizer, e com o coração opresso o dizemos, que não há. Temos muitos alferes, muitos tenentes, muitos generais, capacetes com penachos brancos na cavalaria, muitos soldados municipais agaloados, dourados, enfeitados; mas preceptores que ensinem a ler os filhos do povo, e lhes deem as primeiras noções morais, padres virtuosos que propaguem os princípios suaves e eminentemente liberais da verdadeira religião, isso não temos nós; nem os nossos senhores tratam de preparar as coisas para que o hajam um dia". Alexandre Herculano, O País, 1851 RESUMO LOPES J. E. F. Educação básica do campo no Brasil: organização federativa, perfil socioeconômico e desempenho. 2014. 280f. Tese (Doutorado) -Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2014. A educação como catalizadora do desenvolvimento humano e econômico é uma ideia já enraizada na maioria das culturas contemporâneas. Todavia, compreender como ela influencia esse desenvolvimento e identificar os fatores influenciadores desse processo ainda é um desafio para os pesquisadores das mais distintas áreas que se interessam pelo tema, sobretudo quando se trata da educação direcionada às minorias. Neste contexto, no Brasil, destaca-se a população do campo que, por muito tempo, não recebeu os devidos olhares. Contudo, avanços são observados, sobretudo, a partir da Constituição de 1988, que possibilitou o surgimento e a evolução das políticas públicas e gestão da educação, incluindo a Educação do Campo. Como forma de contribuir com a evolução dessas políticas, este trabalho tem como objetivo analisar o perfil socioeconômico e o desempenho das escolas públicas brasileiras que ofertam a educação fundamental (5º e 9º anos) em zonas rurais, ao compará-las com escolas localizadas em zonas urbanas, considerando as Unidades da Federação (UF) e a dependência administrativa (estadual e municipal) como fatores de análise. Os dados utilizados nesta pesquisa são provenientes das bases de dados do INEP: dados da Prova Brasil, Censo Escolar, IDEB e fluxo escolar do ano de 2011. Após a obtenção das bases de dados, estas foram processadas e ajustadas para a realização das análises. Como medida de desempenho, utilizou-se a relação idade-série que permite avaliar a defasagem idade/série, as notas em Matemática e Língua Portuguesa da Prova Brasil, a taxa de aprovação e a taxa de evasão das escolas, e, em alguns casos, o IDEB. Para este trabalho, construiu-se um indicador socioeconômico a partir das respostas dadas pelos alunos ao questionário socioeconômico aplicado juntamente com a Prova Brasil e que está relacionado à posse de bens, ao acesso à cultura, à escolaridade dos pais, entre outros. Construiu-se também um indicador do nível de ruralidade das escolas/anos, obtido a partir da relação entre a proporção de alunos residentes em zonas rurais e a quantidade total de alunos matriculados no ano. Após a construção da base de dados e da definição de indicadores de avaliação, procedeu-se à análise estatística dos dados valendo-se da estatística descritiva, análise de correlação e análise de agrupamento (cluster) para formação de grupos homogêneos de escolas. Os resultados, tanto para o 5º quanto para o 9º ano, evidenciam o pior desempenho das escolas rurais em relação às urbanas, bem como o pior desempenho das escolas municipais em relação às estaduais. Além disso, à medida que aumenta o índice de ruralidade das escolas urbanas (turmas mistas), piora o desempenho destas; nesses termos, os resultados parecem legitimar a centralização das políticas públicas para a educação básica pelo governo federal como forma de assegurar a qualidade e a equidade do ensino, já que a descentralização por si só não tem garantido, principalmente no campo. Palavras -chave: Políticas públicas. Educação do campo. Descentralização da Educação. Federalismo. Desempenho Escolar. ABSTRACT LOPES J. E. F. Fundamental education in rural areas in Brazil: federative organization, socio-economic profile and performance. 2014. 280f. Tese (Doutorado) - Education as a catalyst for human and economic development is an idea ingrained in most contemporary cultures. However, to understand how it influences this development and to identify the factors influencing this process is still a challenge for researchers from different areas who are interested in the subject, especially when it comes to education for minorities. In this context, in Brazil, the rural population has not received proper attention for a long time. However, advances are observed, mainly from the 1988 Constitution that enabled the emergence and evolution of public policies and education management, including education in rural areas. As a contribution to the evolution of these policies, this study aims at analyzing the socio-economic profile and performance of Brazilian public schools that offer Fundamental Education (Primary and Middle Education, 5 th and 9 th grades in Brazil) in rural areas, comparing them to schools located in urban areas, considering Federation Units (UF) and administrative responsibility (state and cities) as analytical factors. Data used in this research are derived from INEP databases, namely data from "Prova Brazil", school census, IDEB and school flow of 2011. Data were processed and adjusted and then analyzed. As performance measure the following factors were used: age-grade relationship for assessing the age versus grade delay; grades obtained in Mathematics and Portuguese at "Prova Brazil"; the approval rate and the dropout rate in schools; and in some cases, IDEB. For this study, a socioeconomic indicator was developed from the answers given by the students to the socioeconomic questionnaire at "Prova Brazil", including questions related to asset ownership, access to culture, parental education, among others. An indicator of the level of rurality of schools/years was also developed from the relationship between the proportion of students living in rural areas and the total number of students enrolled in the year. Once the database and the evaluation indicators were defined, the statistical analysis was developed, using descriptive statistics, correlation analysis and cluster analysis to getter and to analyze homogeneous groups of schools. Results for both 5 th and 9 th grades (Primary and Middle Education) show worse performances of rural schools compared to urban schools and also worse performance of city schools compared to state schools and as the degree of rurality of urban schools (mixed classes) increases, the performance worsens. Results seem to justify the centralization of public policies for Basic Education by the Federal Government in order to ensure the quality and equity of education, since the decentralization alone has not guaranteed it yet, especially in rural areas.
doi:10.11606/t.96.2014.tde-21072014-164259 fatcat:mk4bhersobgbjb5qdzq7zihnkq