TÓPICO ESPECIAL DA CONJUNTURA Concentração de renda, desemprego e xenofobia
Argemiro Brum
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A onda xenofóbica que ganhou espaço, nestes últimos anos, na Europa (sobre-tudo na França, Alemanha e Itália) chega até nós, aqui na América Latina De fato, o Mundo ultrapassa a dimensão do confronto entre os "ricos" do mundo desenvolvido contra os "pobres" do mundo subdesenvolvido. Falamos agora, de uma certa maneira, simplesmente dos ricos contra os pobres. Certo, a aversão a estrangeiros é hoje um problema mundial. A novidade é que ela se espalha em todas as direções, não sendo mais um
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... égio de país rico. Na Argentina, por exemplo, 81,3% da população é a favor das restrições aos imigrantes. Muitos, adotando um discurso idêntico ao encontrado junto aos extremistas europeus; "se todos os estrangeiros fossem expulsos do país, a taxa de desemprego cairia em menos de 1%"; "intervenção do governo antes que os imigrantes se apoderem do pão nosso de cada dia"; "os imigrantes sul-americanos têm capacidade mental limitada por séculos de desnutrição"; etc. E as agressões físicas aumentam, tornando-se mesmo corriqueiras em algumas regiões. Enquanto isso, no Brasil, uma resolução do Governo Estadual de São Paulo proíbe crianças estrangeiras, filhas de imigrantes clandestinos, de estudarem nas escolas públicas No Rio Grande do Sul, em algumas cidades do vale do Rio dos Sinos, recentemente assistimos à tentativa de "fechamento" das fronteiras dos municípios, com milícia armada, contra pessoas do próprio Estado. Certo, o problema do imigrante clandestino não pode ser ignorado, porém a extrapolação do mesmo tem levado a radicalismos via ações repressivas e a um posicionamento de ódio junto às populações nativas. A própria criação do NAFTA tem, no controle da migração mexicana para os EUA, um dos pontos centrais de sua existência, Este é um dos motivos que leva esse bloco a ser apenas uma "zona de livre comércio", longe da idéia de um "mercado comum". Isso ajuda a explicar igualmente por que os EUA e o Canadá não estão interessados, por enquanto, na entrada de outros países latino-americanos nesse acordo, rechaçando o Chile e a Argentina (não foi por outro motivo que o primeiro se acercou do MERCOSUL rapidamente nestes últimos meses, enquanto a Argentina decidiu reforçar a pressão para o cumprimento do cronograma mínimo de implantação do mesmo) Professor da
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