Bento Teixeira e a 'Escola de Satanás' : o poeta que teve a 'prisão por recreação, a solidão por companhia e a tristeza por prazer'
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Eneida Beraldi Ribeiro
A perseguição Inquisitorial no Brasil no final do século XVI foi responsável por desvendar uma das personalidades mais representativas da população colonial: Bento Teixeira. Cristão novo, professor e letrado, foi preso pelo Tribunal do Santo Ofício da Inquisição no ano de 1595 por crimes de Judaísmo. Durante seu processo redigiu inúmeros textos através dos quais buscava a vida. Nesses textos trouxe à tona o cotidiano dos cárceres, a corrupção dos funcionários da Inquisição e a compra de
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... gerais". A vida e os costumes nas principais capitanias do Brasil são vislumbrados e deles emergem uma população cripto judia em luta contra a exclusão e o preconceito. Abstract The Inquisition persecution in the end of the 15 century was responsible to show one of the most representative personalities of the colonial population: Bento Teixeira. New Christian, teacher and scholar, he was prisoner by the Hole Inquisition, in 1595 for Judaism crimes. During the process he wrote numerous tests in which he tried to save his life. Trough these tests he showed the prison's daily routine and the corruption of the Inquisitors. The Brazilian colonial life was described and appears a criptojewih community fighting against exclusion and prejudice. Índice Agradecimentos Introdução Capítulo Primeiro: O Brasil nos tempos de Bento Teixeira 1. Como se vivia 15 Bento Teixeira afirma em suas confissões que a mãe mantinha a prática de ensinar o judaísmo por dinheiro às filhas de cristãos novos, e mesmo Felipa Raposo, sua mulher, ensinava a ler e escrever. 16 Ressalva-se o fato de que o degredo era sentença comum em Portugal, tanto da justiça civil quanto religiosa, por isso, o degredado muitas vezes cumpria pena por crimes e atitudes que em nada desabonava seu caráter. 17 Priori, May del; Ao sul do corpo. 18 Vainfas, Rodolfo; Trópico dos Pecados. inúmeras ocasiões escreve o donatário a El Rei, pedindo que suspendesse as penas de degredo para Pernambuco, pois que "Nenhum fruto nem bem fazem na terra, mas muito mal e dano, e por sua causa se fazem cada dia males, e temos perdido o crédito que até aqui tínhamos com os índios, porque o que Deus e a natureza não remediou, como eu posso remediar, Senhor, senão com cada dia os mandar enforcar, o que é grande descrédito e menoscabo com os índios." 43 E acrescenta: "São piores aqui do que peste, pelo que peço a Vossa Excelência, pelo amor de Deus, que tal peçonha, para aqui não me mande. 44 Sua preocupação maior era a de que os degredados recebiam o perdão pelas culpas cometidas e, a partir do degredo, podiam ingressar na sociedade colonial, colaborando no processo de sua construção. A questão central de Duarte Coelho era a de que pelos crimes praticados e já sentenciados, os degredados estavam inocentados, mas tal decisão não deveria ser mantida, caso cometessem outros delitos em sua capitania. Foi freqüente a informação de que fazia o máximo para manter a população disciplinada, sob suas ordens, mas não cansou de desabafar com El Rei através das cartas, que lhe remetia, como essa datada de março de 1546, onde afirma que "Os delitos e malefícios aqui cometidos e feitos, aqui hão de ser punidos e castigados, como for razão e justiça, e se de minhas terras fugirem alguns malfeitores para outras, com temor do castigo, ou de outras para a minha, essa tal liberdade e privilégio não lhes deve valer, porque se assim for, como estes outros capitães costumam fazer, digo, Senhor, e afirmo, que se não povoará a terra, mas em breve tempo se despovoará o povoado e irá tudo ao través". 45 42 Lima, Oliveira op cit 43 Cartas de Duarte Coelho a El Rei. 44 idem 45 Cartas de Duarte Coelho a El Rei 355 Cristão novo, sobrinho de Felipa Raposo em 1573. Confissão aos 19/12/1597. 356 Médico, cristão novo, natural do Porto, casado com uma mulher de sobrenome Duarte em conversação com bento Teixeira em 1582.confissão aos 22/11/1597. 357 Cristão novo que ajudava financeiramente Bento Teixeira em agradecimento pelos ensinamentos que este lhe dava. Confissão aos 5/01/1598.
doi:10.11606/t.8.2007.tde-11072007-101238
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