A ópera das três questões

Enéas De Souza
unpublished
rês embaraçantes questões sacudiram e sacodem o Brasil na hora da morte anunciada dõ primeiro real, porque, siobàs trombétasda irriíãia, um véu enganador cobria a realidade do País. Não há quem não tenha perce-bido. E, embora as perguntas fossem chegando progressivamente, elas prospe-raram como um brilho de sol de verão, deste sol abrasador que chama para o desejo de nudez. É certo, houve desnudamento-e desnudamento frontal. Três, de inúmeras questões, ficaram rondando a cabeça dos brasileiros,
more » ... como uma ópera, e Ópera Brasil, onde agora vinha um tenor, logo um barítono e, em seguida, um baixo. De qualquer modo, a música que era alegre passou a sombria e tenebrosa. E ficaram no canto dos atores as insistentes três pergun-tas a incomodar os espectadores nacionais. Primeira questão-uma questão de fundo: um projeto de inserção na economia mundial é um projeto nacional que atende a uma política e a uma estratégia nacional? Dita de outra maneira: é o projeto econômico que determi-na a política nacional ou é a política nacional que define o projeto econômico? Segunda questão-questão econômica da atualidade: a constituição de uma zona de realização do capital financeiro globalizado (para especulação, aplicações, investimento, comércio de mercadorias e venda de serviços) é uma política econômica que atende a uma política e a um projeto nacionais? Terceira questão-questão de base: qual é a lealdade de FHC e das forças que o apoiam? É uma lealdade à ampliação da zona de realização de valorização do capital globalizado ou ao desenvolvimento de uma política nacional? 1°Ato: a questão nacional O desnudamento frontal aposta na exuberância, porque mostra o essencial. O que ficou evidente com a retirada de cena do barítono Gustavo Franco, o sutil, foi que a encenação da sua ária se dava num contexto de uma tessitura dramá-tica pobre. Pois a opção do Governo era a inserção (passiva) na economia mun-* Economista, Técnico da FEE.
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