202 A TERCEIRA VOZ DA PENITENCIÁRIA LEMOS BRITO: DRAMATURGIA, TEXTO E ESPAÇO VAZIO

Wagner Batista, Pinheiro Orientador, Virgulino Walder, De Sousa
unpublished
O desenvolvimento de uma dramaturgia paralela, defesa de doutorada em janeiro de 2006, da professora Maria de Lourdes Naylor Rocha, no qual participei da elaboração do espetáculo O Verdugo, de Hilda Hilst, na penitenciária Lemos Brito, foi o ponto de partida à reflexão para um novo processo de trabalho que abordaria a voz autoral dos internos, rumo a construção cênica e dramatúrgica. Após a defesa demos continuidade ao projeto Teatro na Prisão que surgiu a partir de um workshop ministrado pelo
more » ... rofessor Paul Hitage da Universidade de Londres em 1997 aqui na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro no qual participaram as professoras Maria de Lourdes e Natália Fiche (coordenadoras do projeto) que completa seus 10 anos de vida. O projeto Teatro na Prisão é uma experiência pedagógica empenhada na construção dos internos enquanto sujeitos e que, através do teatro, acredita atingir o seu objetivo ao resgatar a cidadania dos detentos da penitenciária Lemos Brito. É o que chamamos, nesta comunicação de a Voz. A penitenciária se localizava na Rua Frei Caneca, Centro, Rio de Janeiro, mas que atualmente por decreto da ex-governadora do Estado foi transferida para o Complexo de Bangu onde atuamos uma vez por semana em três unidades: A Lemos Brito (unidade masculina), Casa de Custódia Joaquim Ferreira (unidade feminina) e no DEGASE (unidade de adolescentes). Hoje somos três equipes atuantes que, uma vez por semana, encontramo-nos na UNIRIO, antes de nos dirigirmos à prisão, onde realizamos leituras, vemos filmes, debatemos e treinamo-nos como oficineiros. São leituras diversas que dialogam com o universo específico carcerário e que nos servem de suporte para o pensamento e a ação no espaço prisional. Pré-Desenvolvimento da Voz A Voz, desde sua transferência do Centro do Rio para a periferia, sofreu um forte impacto. Demoliram sua autonomia onde nós já havíamos conquistado junto ao espaço arquitetônico do auditório Meira Lima do antigo prédio que assegurava, acolhia e propiciava uma experiência da poética do efêmero. A voz que aos poucos pé-por-pé e pé-por-si conquista seu espaço quando da defesa de doutorado: um processo onde um texto entre outros textos de dramaturgos nacionais e internacionais como Plínio Marcos, William Shakespeare e Hilda Hilst foram apresentados como alternativas como ponto de partida rumo a encenação. Depois de leituras e improvisações, bem como, a instauração de uma tribuna onde a voz de cada um é garantida para expor opiniões o texto escolhido foi O Verdugo, de Hilda Hilst. Nesse processo que se iniciou em 2003 atuei como facilitador dentro do corpo dos atuantes detentos. Eu era
fatcat:v66xw6gotzduncqkwlm2p4jaxm