Tecnologia e sociedade: entre os paradoxos e os sentidos possíveis

Fabio B. Josgrilberg
2005 Comunicação & Educação  
Mas se há um sentido do real, e ninguém duvidará que ele tenha seu direito à existência, deve haver também qualquer coisa que podemos chamar de sentido do possível 1 Robert Musil, O Homem Sem Qualidades O Brasil é palco, há alguns anos, de processos eleitorais que podem ser considerados, com seus defeitos e sucessos, indicadores dos possíveis usos das tecnologias de informação e comunicação para o fortalecimento de certos aspectos do regime democrático. Não está em questão, neste texto, o
more » ... de democracia brasileiro que, na verdade, pouco tem de democrático em termos de distribuição de renda e na garantia de alguns direitos básicos. Numa perspectiva mais ampla, o próprio conceito de democracia é tema de debate -não se fala da mesma democracia no Brasil, na Suécia ou nos EUA. No entanto, é inegável que a tecnologia contribuiu para um processo extremamente complexo, em um país de dimensões continentais, e, de alguma forma, para a organização da sociedade. Se tomarmos o termo democracia em sentido lato e considerá-lo como objetivo, a experiência brasileira é digna de registro. Também é merecedor de nota o fato de, no Brasil, a taxa de desemprego aberto aumentar por anos consecutivos, de a criação de postos de trabalhos ocorrer com mais freqüência em setores considerados menos habilitados e de que há uma concentração crescente de postos qualificados nos países de economia capitalista avançada 2 . É verdade que tal cenário não é fruto apenas da incorporação das tecnologias de informação e comunicação, mas principalmente de um sistema capitalista que as precede; sistema que, no entanto, depende dessas tecnologias para organizar as transações de mercado financeiro, a cadeia de produção distribuída globalmente, a automação de diversos setores, entre
doi:10.11606/issn.2316-9125.v10i3p278-287 fatcat:2jyphmhqgbg6fmjovjew6ffgim