Prazer, desprazer e gozo nos escritos do último período de Nietzsche Pleasure, displeasure and delight in the writings of Nietzsche's last period

Rogério Miranda De Almeida
2014 Revista Trágica: estudos de filosofia da imanência-3º quadrimestre de 2014   unpublished
O hábito que tenho de brevemente percorrer-no início de um estudo sobre Nietzsche-as três fases pelas quais passaram o seu pensamento e a sua escrita pode resultar esclarecedor na medida em que, por este percurso, espero poder sublinhar as diferentes rupturas, retomadas e reelaborações que pontilharam e individuaram a sua evolução. Efetivamente, os escritos nietzschianos se desenrolam, ou melhor, não podem desenrolar-se senão através de uma multiplicidade de leituras e releituras, de escritas e
more » ... reescritas, de interpretações e reinterpretações, que essencialmente marcam e manifestam a experiência do paradoxo, vale dizer, do texto entendido como espaço de resistência e superação, de inclusão e exclusão, de construção e destruição, de criação e recriação contínuas. Designo, pois, esta pluralidade de perspectivas, de interpretações e, para servir-me de um termo peculiar a Nietzsche, de revalorações, pela expressão: a escrita do paradoxo, ou da infinita e sempre renovada significação. Certo, toda esquematização é subjetiva e arbitrária-arbitrária porque subjetiva. Não se pode, contudo, fugir à tentativa de classificar a produção intelectual de Nietzsche como se desenvolvendo através de três períodos principais: 01. Uma primeira fase que se estende, grosso modo, de 1869 a 1878 e que é caracterizada pelo que eu denomino os "escritos trágicos" (O nascimento da tragédia; O drama musical grego; Sócrates e a tragédia; A visão dionisíaca do mundo; O Estado grego; A filosofia na época trágica dos gregos, etc.), assim como pela crítica à civilização moderna e, particularmente, à civilização alemã da segunda metade do século XIX; 02. Um segundo período, marcado pelas obras: Humano, demasiado humano (1878); Miscelânea de opiniões e sentenças * Doutor em filosofia pela Universidade de Metz (França) e em teologia pela Universidade de Estrasburgo (França). Professor de filosofia no programa de pós-graduação da PUCPR e de filosofia na FASBAM (Faculdade São Basílio Magno). Curitiba, PR,
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