MORUJÃO, Maria do Rosário Barbosa – A Sé de Coimbra: a Instituição e a Chancelaria (1080‑1318). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; Fundação para a Ciência e Tecnologia. 2010. 793 p

Ernesto Jana
2016
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; Fundação para a Ciência e Tecnologia . 2010 . 793 p . E R N E S T O J A N A Estamos perante mais um excelente trabalho com o qual a FCG, através da sua coleção Textos Universitários, presenteou um público académico. A autora, docente na Universidade de Coimbra, defendeu, em 2005, a tese de doutoramento que ora vê publicada. Este extenso trabalho divide -se em duas partes num total de sete capítulos. No primeiro capítulo, a obra versa sobre a chancelaria da
more » ... é de Coimbra, havendo necessidade de elaborar a história diocesana, tendo como balizas temporais o restauro da diocese (1080) e o governo do bispo D. Estêvão Eanes Brochado (1318) , prelado que foi chanceler de D. Dinis e que com isso veio a influenciar o governo episcopal. O trabalho apresenta duas partes num total de sete capítulos. No dizer da autora do prefácio, a Prof ª. Maria Helena da Cruz Coelho, "os especialistas e mesmo os ainda aprendizes desta ciência, graças às ideias claras e à escrita límpida da autora, dispõem de um estudo de alto valor científico, mas simultaneamente acessível e cativante". A leitura da obra vai comprovando estas palavras, embora o leitor não académico aprecie certamente mais a primeira parte, em que a autora se debruça sobre a Sé de Coimbra, sendo, de longe, a que mais cativa. Assim, Maria Morujão fala da Sé de Coimbra desde o momento em que foi restaurada, após os momentos conturbados da Reconquista dos territórios que vieram a estar sob a alçada diocesana, não esquecendo a sua integração na jurisdição metropolitana de Braga. Os mapas constantes neste capítulo 1 são indispensáveis para uma boa compreensão tanto da definição do território diocesano como das disputas emergentes com as dioceses limítrofes da Guarda, Porto e Lisboa. Um segundo capítulo trata dos bispos, dentro das balizas cronológicas, definidos pela autora, que consegue detetar três momentos no episcopado coimbrão, sendo a primeira fase que vai até à eleição de D. João Anaia em 1148, uma segunda fase que está eivada de conflitos com a igreja de Santa Cruz (até 1232) e, por fim, uma terceira fase que perdura até à morte de D. Estêvão Eanes Brochardo (1318). A mancha gráfica e consequente leitura é agradavelmente interrompida com as fotos dos túmulos dos bispos biografados e respetivas subscrições (quando existem), bem como das respetivas árvores genealógicas. O terceiro capítulo centra a atenção na organização do cabido desde os seus alvores, momento em que os seus membros viviam em comunidade, passando por um processo de secularização ocorrido até aos inícios do séc. XIII. Foi neste momento que se alteraram os estatutos (1229) que irão orientar o Cabido até ao fim do período estudado pela autora (1318). Aliás, a Prof ª. Rosário Morujão, ao indicar que se conteve ao redigir esta parte da sua dissertação, dá indicações de quão abundante será o material compulsado. O derradeiro capítulo desta primeira parte procura conhecer o funcionamento do poder episcopal, os funcionários que faziam parte da "entourage" diocesana e como funcionava a audiência municipal ou direito de julgar. Também neste ponto a autora se teve que limitar, retirando -se das suas palavras, da existência de um grau de riqueza na documentação compulsada.
doi:10.34632/lusitaniasacra.2012.6573 fatcat:hwiqfncaqncjne46xmudrgwapm