A androginia como estética simbólica na arte japonesa: do Período Tokugawa à cultura pop

Lucas Lopes de Queiroz d'Avila, Universidade do Estado do Rio de Janeiro
2019 Atas do 14º...   unpublished
A partir do distanciamento das projeções de gênero calcadas na lógica binária comuns às sociedades ocidentais, observo os arquétipos da ambiguidade de gênero na produção nipônica, assim como os modelos que a acompanham segundo a tradição imagética na pré-modernidade japonesa, buscando compreender sua possível epistemologia. Segundo a análise dos códigos de representação de gênero a partir da década de 1980, percebo também a recorrente figuração da androginia nos conteúdos presentes nos mangás
more » ... sobretudo, nas animações, suportes indispensáveis para a observação de articulações de gênero no Japão. Desse modo, sob que circunstâncias, por intermédio da função da imagem, a representação do gênero neutro pode afirmar-se como um retrato da contemplação no mundo nipônico? Quais as justificativas para a eleição da androginia como um padrão estético na cultura visual presente não só em suportes contemporâneos, mas também nas estampas xilográficas a partir do século XVII no Japão? Antes disso, é preciso compreender sob qual prisma a androginia é aqui observada. De acordo com Robertson, "androginia" [...] refere-se não a uma condição fisiológica (isto é, um corpo intersexuado), mas a uma "política superficial do corpo" (Butler 1990:136). A androginia envolve o embaralhamento dos indicadores de gênero -roupas, gestos, padrões do discurso e assim por diante -de uma maneira que enfraquece a estabilidade de um sistema de gênero sexual baseado em uma dicotomia homem-mulher e mantém essa dicotomia justapondo ou misturando seus elementos. 2 A autora recusa-se a olhar para a ambiguidade de gênero sob a perspectiva da intersexualidade ou do hermafroditismo, atentando para os arquétipos de gênero moldados sob a perspectiva
doi:10.20396/eha.vi14.3479 fatcat:swsklw6fxbc7jgkzgw723ntbk4