EDITORIAL

2007 Cadernos de Pesquisa  
A formação docente tem sido alvo de modificações substanciais nas últimas décadas, tanto nos países ricos como naqueles em desenvolvimento. A primeira mudança a destacar é o processo de elevação, para o nível superior, da formação de professores do ensino fundamental e da educação infantil, antes realizada nos Cursos Normais ou equivalentes, de nível médio. A segunda, o aumento da carga horária de estágios no ensino básico, posto como exigência dos cursos de formação. Em certos contextos, e
more » ... alguns autores, a ampliação do espaço dos estágios tem sido interpretada como uma contra-resposta à tendência de elevação da exigência acadêmica dos cursos, uma vez que contrapõe, em grande medida, a experiência de formação por meio da prática à proposta de formação com ênfase na teoria, como no caso da Inglaterra. Essas tensões entre teoria e prática permeiam, em alguma medida, as diferentes modalidades de formação que têm sido adotadas por países diversos. Em meados dos anos 90, a discussão das mudanças que se pretendia propor no Brasil contemplava a análise de alguns desses modelos do exterior. Havia também grande disposição de acolher as experiências brasileiras que ensaiavam diferentes formatos de cursos, uma vez que -reconhecia-se -as diferentes demandas de formação poderiam ser atendidas por modelos diversos. As reformas do final da década de 90, levadas a cabo pelo Governo Fernando Henrique Cardoso, restringiram as possibilidades de inovar nos formatos de cursos. Mas as marchas e contramarchas da legislação e das normas que se seguiram, tampouco chegaram a equacionar a questão a contento. Os debates sobre os modelos de formação continuam, e se mantêm, acalorados diante das diretrizes curriculares nacionais para os Cursos de Pedagogia, aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação em 2006.
doi:10.1590/s0100-15742007000100001 fatcat:icz7juzbpbdhdh45phqk2bw2y4