RACISMO NO FUTEBOL: UM ESTUDO ANTROPOLÓGICO DA TRAJETÓRIA E IDENTIDADE DE ATLETAS NEGROS DO FUTEBOL BRASILEIRO
Mariana Schade Da Silva, Bolsista
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INTRODUÇÃO: O futebol chegou ao Brasil no ano de 1894 e incialmente era praticado apenas pela elite brasileira (ROSENFELD, 1993). Os negros enfrentaram muitas dificuldades para ter acesso ao esporte que hoje é o mais popular do mundo. Os primeiros jogadores negros sofreram com ofensas racistas e principalmente com os resquícios das teorias raciais do século XIX. Carlos Alberto, jogador do Fluminense recebeu no dia 13 de maio de 1914 o apelido de "Pó de Arroz", em alusão ao pó que passava em seu
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... rosto para parecer mais claro e consequentemente ser aceito no clube e pela torcida. Já Bigode e Barbosa, por exemplo, foram acusados de serem os responsáveis pela derrota na final da Copa de 50, já que devido a sua "raça" "afrouxaram" diante dos uruguaios. (FILHO, 2003) Com a conquista dos primeiros títulos mundiais e a importante participação de atletas negros, como o Rei Pelé, a dúvida sobre a capacidade dos jogadores negros terminou e o discurso freyriano foi recuperado e os negros passaram a ser o nosso "elemento surpresa" no futebol (FREYRE, 1938). Assim como ocorreu em nossa sociedade, as ideias de Gilberto Freyre serviram apenas para encobrir os conflitos existentes dentro do futebol. O racismo no futebol não acabou e em momentos de conflito, a cor é novamente lembrada, seja para "desestabilizar" o adversário ou para ofender algum jogador. No ano de 2014 muitos jogadores foram vítimas de práticas racistas. Na Espanha, jogando pelo Barcelona, o lateral Daniel Alves teve uma banana arremessada em sua direção dentro de campo. Tinga, Arouca e Aranha sofreram com os gritos de "Macaco" e gestos que imitavam o animal vindo de torcedores de times adversários. Um árbitro negro, Márcio Chagas, atualmente comentarista de arbitragem, teve seu carro coberto por bananas. Em 2015, outros jogadores foram vítimas dessa prática cruel, que é o racismo, como o jogador Elias, o lateral Jemerson e o atacante Hulk. Portanto, seja no campo, nos estádios ou nas redes sociais, práticas racistas continuam acontecendo. O que mudou, no entanto foi à
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