Entrevista com Ana Rieper: documentários musicais como um território de afetos

Guilherme Sarmiento, Lucas Ravazzano
2017 Doc On-Line: Revista Digital de Cinema Documentário  
Em 2015, uma pequena equipe de gravação subia as ladeiras de Santa Tereza para entrevistar a cineasta carioca Ana Rieper. O material audiovisual faria parte de um conjunto de ações previstas pelo projeto de pesquisa Cinema Musical na América Latina, coordenado pelo Professor Guilherme Maia, e hoje pode ser encontrado no site do Laboratório da Análises Fílmicas da Universidade Federal da Bahia (UFBA) numa edição videográfica resumida. 1 Do alto, a Baía de Guanabara mostrava-se um pouco mais cada
more » ... vez que o pequeno bonde subia a estreita faixa de trilho, cercada de sobrados. Fomos levados até ali para escutarmos o relato de realização do premiado longa-metragem Vou rifar meu coração, documentário musical finalizado em 2011 e lançado no cinema no ano seguinte. O modo afetuoso com que a diretora abordou a música "brega", seu imaginário, seus personagens, ajudou, como ela mesma admite na entrevista, a colocar os holofotes sobre a cultura popular urbana e, por conta dessa sutil mudança de foco, referendar movimentos ou expressões relegados até então à marginalidade. Acompanhado de outras muitas produções que atualmente alimentam o circuito de festivais e, algumas vezes, são lançadas nos cinemas, Vou rifar meu coração utiliza o gênero documentário para abordar de forma lúdica e emotiva o universo musical brasileiro. De uns anos para cá, os cineastas vêm de maneira contínua aproveitando-se deste tema não somente para atrair o grande público, mas também para entender a relação carnal, identitária, que se estabelece entre a cultura e suas fontes melódicas, rítmicas e literárias. Não há como negar a importância adquirida pela canção no século XX, manancial de crônicas, de gírias, de vozes, que juntas compõem um conjunto de atitudes e
doi:10.20287/doc.d22.en3 fatcat:2422btdxl5dgnbmfxn2drwixvy