Combatendo o estigma da epilepsia através de um videoclipe / Fighting epilepsy stigma through a music video

João Gabriel Barboza Rios, Luiza Rahmeier Fietz Rios, Vivian Rahmeier Fietz, Carlos Alberto Leal Costa, Henrique Antonio Delziovo, Rafael Gustavo Sato Watanabe, Katia Lin
2020 Boletim do Curso de Medicina da UFSC  
RESUMO Objetivo. Visando diminuir o estigma da epilepsia e o despreparo da população para lidar com as crises epilépticas, o videoclipe "Epilepsia" foi desenvolvido como um instrumento de ensino didático, agradável e memorável para a população leiga. É objetivo desse estudo investigar o potencial pedagógico e sua eficácia em reduzir o estigma em epilepsia através de um videoclipe. Métodos. Um videoclipe musical foi produzido especificamente para este projeto ( https://youtu.be/18En8n7dX74 ),
more » ... tendo os principais fatores relacionados ao estigma da epilepsia e instruções sobre como agir frente a um indivíduo tendo uma crise epiléptica. Foi aplicada a Escala de Estigma na Epilepsia (EEE), previamente desenvolvida e validada no Brasil, antes e depois da intervenção. Resultados. Foram entrevistados 128 indivíduos da população geral em três cidades no Brasil (Florianópolis -SC, São Paulo -SP e Dourados -MS) antes e depois de assistir ao videoclipe. Observou-se redução estatisticamente significante nos escores antes e depois de assistir ao videoclipe, [38,88 versus 20,81; p < 0,0001]. Esta redução do estigma foi diretamente proporcional ao nível de escolaridade do indivíduo e foi mais proeminente naqueles que desconheciam alguém com diagnóstico de epilepsia antes da intervenção. Quarenta e três (33%) indivíduos afirmaram que segurariam a língua de uma pessoa durante uma crise epiléptica antes da intervenção, enquanto apenas 13 (10%) responderam o mesmo após (p<0,0001). Conclusão. O videoclipe "Epilepsia" mostrou-se eficaz como ferramenta de educação social, em reduzir o estigma na epilepsia, com a vantagem de ser gratuita e de fácil acesso à população. Introdução A epilepsia é uma doença neuropsiquiátrica complexa, caracterizada pela predisposição duradoura do cérebro em gerar crises epilépticas -i.e. apresentação de sinais e/ ou sintomas transitórios como resultado de uma atividade neuronal anormal exagerada ou síncrona -e pelas consequências neurobiológicas cognitivas, psicológicas e sociais decorrentes desta condição 1 . No mundo, sessenta e cinco milhões de pessoas convivem com epilepsia, dos quais 80% em países com baixos recursos e pouco ou nenhum acesso a tratamento adequado. A epilepsia afeta indivíduos de diferentes idades e classes sociais, e as crises mal controladas acarretam uma sobrecarga psicológica, emocional e incapacidade significativas não apenas às pessoas com epilepsia (PCE) mas também aos seus familiares e à sociedade 2,3 . As pessoas com deficiência ou incapacidade estão entre as mais vulneráveis em qualquer sociedade. Esta vulnerabilidade é ainda maior entre aqueles com incapacidades não visíveis como a epilepsia, na qual os aspectos neurológicos podem estar associados a um distúrbio afetivo, comportamental e/ou de personalidade que varia dentro de um espectro em até 50% das PCE. A epilepsia é, portanto, uma condição que traz consigo um estigma, a partir do ponto em que as PCE não se ajustam as normas sociais como resultado de convulsões imprevisíveis 4 . O termo "estigma" pode ser definido socialmente como um atributo que se refere a "profundamente desacreditado" e permite que um
doi:10.32963/bcmufsc.v6i2.4242 fatcat:lfrazf3cpbarfnukvfflr26vv4