A percepção da dor como parâmetro de status moral em animais não humanos

Marta Luciane Fischer, Rafael Falvo Librelato, Andressa Luiza Cordeiro, Eliana Rezende Adami
2016 Conexão Ciência  
Introdução: A dor pode ser desacreditada em animais-não-humanos desinente a inacessibilidade às informações científicas, cultura e empatia. Objetivou-se contextualizar historicamente o conhecimento da dor, investigar a existência de relação entre a afetividade e atribuição de senciência em animais-não-humanos e refletir como esses interveem nos parâmetros de atribuição moral. Metodologia: a contextualização dos eventos históricos e categorização da abordagem contemporânea da dor se deram por
more » ... o de análise bibliográfica, enquanto a avaliação concepção de pesquisadores, ativistas e comunidade foi acessada por meio de questionário. Resultados: A percepção da dor esteve atrelada à aquisição de conhecimento consolidado no modelo animal destituído de senciência, culminando contemporaneamente na orientação para o aprimoramento de metodologias e técnicas que subsidiem o desenvolvimento tecnocientífico e promoção de bem-estar-animal visando a efetividade do modelo experimental. A maior afinidade e atribuição moral aderida a escalas hierárquicas taxonômicas somada a desvinculação de mudanças de atitudes frente a comprovação da senciência animal, reforçaram a significância dos fatores socioculturais sobre os éticos na atribuição da dor. Conclusão: A conduta ética quanto ao uso de animais deve transcender os princípios antropocêntricos-hierárquicos que não admitem não-humanos na comunidade moral, assim como os princípios utilitaristas-senciocêntricos que inclui nesta apenas os seres-vivos dotados de sistema nervoso complexo. Deve-se refletir que embora a senciência tenha sido um parâmetro usado para isolar o homem da natureza, ora não cabe na sociedade contemporânea que já reconhece essa propriedade nos demais seres-vivos, demandando mudanças de paradigmas quanto a valoração animal e legitimação do princípio da igual-consideração-de-interesses.
doi:10.24862/cco.v11i2.440 fatcat:6qfhiqmpbjacph5h4klw73huvu