Dança e saúde mental: a experiência artística como elemento humanizador em um contexto de internação psiquiátrica
Amanda Vilas Boas Goldberg, ANA MARIA RODRIGUEZ COSTAS
2017
XXV Congresso de Iniciação Científica da Unicamp
unpublished
Resumo Esta pesquisa de cunho teórico-prático estudou a relação entre a arte, mais especificamente a dança, e a saúde mental. Por meio de ações artísticas, sistematizou-se um conjunto de práticas em dança adequadas a um contexto hospitalar de internação, construindo um ambiente favorável à experiência artística dos próprios usuários do sistema público de saúde mental na perspectiva de sua humanização. O processo de pesquisa, bem como a análise dos resultados, articulou três eixos: a compilação
more »
... e publicações que tratam sobre o tema, o planejamento e desenvolvimento de práticas artístico-pedagógicas em dança, e o entrelaçamento entre fundamentos teóricos e a prática como pesquisa. Palavras-chave: Dança, Saúde Mental, Práticas artístico-pedagógicas. Introdução Esse projeto teve como propósito investigar como, e por meio de quais ações artísticas e pedagógicas, a dança pode contribuir com a humanização em um contexto específico que é o da internação psiquiátrica. Em 2014, fui apresentada a Enfermaria de Psiquiatria do HC/UNICAMP. Naquele momento surgiu meu interesse em compreender os sentidos de uma experiência com a dança para pessoas com psicopatologias, o que me levou ao trabalho da doutora Nise da Silveira, que se tornaria uma importante referência para a pesquisa. Dentre as propostas que revolucionaram as políticas públicas para saúde mental no Brasil na década de 1940de , Silveira (1992 1 implementou atividades artísticas dentro de um hospital psiquiátrico. Na busca pela ampliação de referenciais, também me aproximei do método Dançaterapia, criado pela bailarina María Fux (1988) 2 , que se mostrou uma fonte de estudos para os meus laboratórios de criação de procedimentos e práticas em dança direcionadas ao contexto hospitalar. Resultados e Discussão Os laboratórios possibilitaram a sistematização de um conjunto de práticas em dança dirigidas à configuração de um ambiente favorável a vivência artística dos usuários da Enfermaria de Psiquiatria\HC-UNICAMP. Realizados no período de novembro de 2016 à maio de 2017, cada um desses encontros práticos foi composto por seis momentos distintos denominados Despertar; Apresentação; Acionar; Reconhecimento do Espaço; Socialização; Roda de Conversa. As etapas de pesquisa foram registradas em um portfólio composto por desenhos e escritos dos participantes, elaborados durante o momento denominado Socialização, somados ao meu diário de bordo pessoal. Entrevistas foram realizadas com alguns profissionais da saúde que atuam no campo desta pesquisa, a fim de identificar de que maneira as atividades artísticas de dança reverberavam no cotidiano das pessoas internadas naquele espaço, e em sua interação. Figura 1. Registros elaborados por participantes no momento Socialização. Conclusões A ampliação da comunicação entre os participantes, que observei no desenvolvimento das atividades, foi confirmada nas entrevistas realizadas com os profissionais que atuam diariamente com os pacientes. Foram observados ainda, como resultantes significativas, o interesse dos participantes em aprender sobre artes, explícito nas perguntas curiosas que fizeram sobre os conceitos trabalhados, e o aumento de repertório de movimento daqueles que participaram de forma contínua das atividades. A pesquisa também revelou a potencialidade do trabalho artístico com pessoas com psicopatologias para além do esperado, me permitindo transformar um conjunto de práticas pontuais em um processo criativo em dança de caráter colaborativo, envolvendo os participantes e a proponente. Neste percurso, pude me reconhecer e ser reconhecida como uma professora-pesquisadora, algo fundamental na formação de um licenciado em Artes/Dança. Agradecimentos
doi:10.19146/pibic-2017-78095
fatcat:nxnecprq3jhlfost4cc54vd7fe