O PEREGRINO, O ANDARILHO E A POESIA DE MANOEL DE BARROS

Luciene Lemos De Campos, (sed-Ms, Ribeiro Rauer, Rodrigues
2013 unpublished
Resumo: As figuras do andarilho e do peregrino são constantes na poesia de Manoel de Barros. Este estudo percorre a construção dessas figuras, evidenciando os efeitos de sentido que o poeta constrói com tal evocação. Entendemos haver duplo movimento: a figura marginalizada do andarilho é deificada para, em seguida, surgir paradoxalmente laicizada, embora como peregrino. Desse modo, o poeta ressalta a opção por eleger, como motivo de sua ars poetica, o inútil e o descartável, e de elogiar seres
more » ... iúdos desprezados pela sociedade. Palavras-chave: Manoel de Barros; personagem; poesia brasileira. Introdução Uma das constantes da poesia de Manoel de Barros é a presença de andarilhos, de peregrinos e de outros seres que vagam pelos ermos do Pantanal recriado, pelos becos das cidades portuárias que emulam a Cuiabá natal ou pela Corumbá que o poeta adotou como sua terra. Voltamo-nos, neste estudo, para a figura do peregrino, que, a nosso ver, é laicizado pela poética de Barros. Um primeiro movimento já ocorre com a figura do andarilho tornado peregrino-ou seja, há uma "deificação" do laico que, em seguida, é desmontada. Neste artigo, nos propomos a verificar de que modo a figura evidente e discursivizada do andarilho configura, em Barros, a imagem arquetípica do peregrino, com a transformação da figura despojada do caminhante em símbolo de fortes ressonâncias culturais. Na obra de Manoel de Barros, o andarilho surge, entre outros momentos, figurado no Bernardo de "No tempo de andarilho" (Livro de pré-coisas, 1997), no 1 Mestre em Estudos Fronteiriços pela UFMS, com a dissertação A mendiga e o andarilho: a recriação poética de figuras populares nas fronteiras de Manoel de Barros
fatcat:onnronoxf5dbdh3dkpmuw7awoi